Qual de nós, em perigo eminente, o medo perscrutando, não ajoelhou e pediu ajuda aos céus; qual de nós, conseguindo a ajuda, não se prostrou diante do Altíssimo e agradeceu não a nossa existência, mas a Dele.
Mesmo com o sangue, da carnificina, coagulando sob os seus pés, desnorteando o seu raciocínio, ele, apesar do embaçamento da visão causado pelo ferimento, ainda conseguiu ver o padre beijar o crucifixo que trazia consigo e ajoelhar-se em agradecimento por ter sido salvo; em seguida, ele viu o padre curvar-se e beijar o assoalho do altar, abençoando o único local que não foi maculado pelo sangue, até então. Uma nuvem vermelha e líquida, vindo de onde estava o padre, lhe atingiu o rosto, embaçando a sua visão, mais ainda. O padre caiu de bruços sobre o crucifixo. A permanência da maldade retirava a chance do milagre em terra de homens.
O padre tentou localizar o seu matador, mas a visão lhe fugia, conseguiu discernir a figura de um garoto na porta do fundo da igreja com um fuzil na mão, porém o tiro veio da entrada da igreja. Mesmo com a morte eminente, ele não perdeu a esperança do milagre, pois sabia, por sua fé que a salvação não se dava pelo físico. Duas mãos em chagas lhe são estendidas, ele as agarra fervorosamente. Sua fé dava a certeza que em poucas horas estaria dormindo no colo do Pai.
O garoto postado na porta do fundo da igreja, com um AR-15, caminhou até o padre, nervoso, olhou em todas as direções, perscrutou todos os cantos em busca de algum alvo móvel.
A arma na mão direita do policial ainda fumegava após os disparos dados em direção ao fundo da igreja, com a mão esquerda ele ligou a lanterna e a apontou em todas as direções.
O garoto se escondeu atrás do altar ao ver movimentos de feixes de luz e apontou seu AR-15 na direção do foco de luz.
A luz em forma de uma pequena auréola surgindo na frente do noivo fez com que ele imaginasse que sua noiva voltou para buscá-lo e levá-lo lá aonde o sol se esconde. Ele foi em direção à luz estancando o sangramento na barriga com um das mãos.
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"A permanência da maldade retirava a chance do milagre em terra de homens"
ResponderExcluirEssa frase me chamou minha atenção. A maldade, e cada vez mais só é dela que escutamos falar, tem mais pessoas boas, tem mais gente fazendo bondades, ajudando os outros....mas escutamos mais das maldades.
beijo
Querido amigo!
ResponderExcluirQue triste... estou acompanhando este conto, amando o que leio, mas na esperança de um final feliz...
Beijos, flores e muitos sorrisos!
Amigo Eder,
ResponderExcluirNas tuas palavras as pequenas tragédias silenciosas que acontecem sempre permeadas pela fé, esperança e sobretudo na crença do homem no amor sublime.
Deixo aqui o meu abraço de paz e desejo que tenha um final de semana abençoado
Deus seja contigo
otimo, mas muito triste....
ResponderExcluirbeijao
Eder! Imaginei um filme de cada parte, onde as cenas mudariam em seus contrastes. Sim, você poderia escrever roteiros de cinema.
ResponderExcluirO crime. Um menino. Uma arma. Morte. E depois a luz. Sim, Eder, é triste.
Abraço forte
fui ver teu outro blog onde voce aparece com toda a tua familia, escrevi um comentario, dizendo que tua familia é lindissima, que teu poema sobre o amor é maravilhoso, e que lhes desejo a todos felicidades e saude, Maravilhosa familia, parabens a todos e cada um e muitos beijos tbem a todos,
ResponderExcluirP.S. mas là no pude por este meu comentario!
Olá Eder...bm disse a Elaine...histórias assim podem se transformar em roteiros e os roteiros em filmes...
ResponderExcluirIndependente de qualquer outra, uma coisa é certa...a sperança nunca morre...
Um abraço na alma
Muito bom e triste e real.
ResponderExcluirbeijos amigo
Eder, camarada, seu conto é riquíssimo! Quanta simbologia; quantas digressões propostas.
ResponderExcluirAdorei; abração,
Rodrigo Davel
Amigo querido!
ResponderExcluirVou passando para desejar um lindo começo de semana, cheio de paz, amor e muita alegria!
Beijos, flores e muitos sorrisos!
Parece-me a cena de um filme...será? um texto muito bem escrito...
ResponderExcluirBeijo
Poderia ser um filme, mas é a tragédia humana(?) acontecendo sob nossos olhos todos os dias.
ResponderExcluirPróximo capítulo.
Beijokas.
Eder,abraço carinhoso!
ResponderExcluirEntão prosseguindo a leitura daqui também.Agora percebo o nível de drama da vida real que a história contém.