Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

sábado, 30 de agosto de 2008

Apelos


O peso do meu corpo o meu próprio corpo não consegue carregar
Quem há de vir para me salvar?
A alma de tão tosca neste mesmo corpo não quer encaixar
Quem há de vir para me salvar?
Sobre o meu passado as sementes muitas não vingaram
Quem há de vir para me salvar?
Maria, Júlia, Rute, quantas mais não sei, todos amores errados
Quem há de vir para me salvar?
Cabelos brancos a denunciar, rugas a mostrar a velhice a me enamorar
Quem há de vir para me salvar?
A velocidade tresloucada de São Paulo a me cansar
Quem há de vir para me salvar?
A ignorância alucinada de sua gente, o céu cinza a poluir esperanças
Quem há de vir para me salvar?
Nas minhas andanças que não foram tantas, mais a errar do que a acertar
Quem há de vir para me salvar?
Catolicismo, Budismo, Espiritismo, de pouca fé nenhum “ismo” me valeu
Quem há de vir para me salvar?
De Jesus só me restou a cruz
Quem há de vir para me salvar?
Meu corpo morto no túmulo posto, a alma póstuma desvairada a gritar
“ – Quem há de vir para me salvar? “


XXVI-II-MMVI

sábado, 16 de agosto de 2008

miserere


é-me tanto
tanta dor
que (tanto) a dor
quanto o tanto
desencanta
o pouco de vida
do tanto que tenho

é-me pouco
a pouca vida
para o muito
de dor da dor
que ainda resta
pelo resto
da vida destra

é-me medida
a devida vida
e a dívida
que se tem na lida
é medida a fio
em dores sinistras
e infindas

medida é a vida-finda
desmedida é a dor
(sen)tida e infinda
e tida a vida
na dor (con)tida
sem sentido e sem tino
é a dita vida

sábado, 9 de agosto de 2008

significando


antes de ti eu não havia
se sim, hoje não seria
antes de ti eu não vivia
se sim, hoje vegetaria
antes de ti não havia o depois
se sim, não valeria se não fosse por nós dois
antes de ti não havia felicidade no futuro
depois de ti a felicidade não mais procuro
por saber que em ti ela se afigura
por saber que aqui agora e sempre perdura
antes de ti o amor não tinha identidade
se sim, não havia veracidade
antes de ti amar não tinha sinônimo
depois de ti só sei chamá-lo por um nome
antes de ti amar só na primeira pessoa do passado
depois de ti só no presente ele é conjugado
eu amo marilúcia ribeiro vogado
se não, era eu que não teria significado

sábado, 2 de agosto de 2008

CoNtRaStE


O QUE ME DEU A BAHIA, RIMA E POESIA
o que me dá são paulo, cisma e alergia
O QUE ME DEU A BAHIA, PROSA SEM TÍTULO
o que me dá são paulo, necrose no coração arrítmico
O QUE ME DEU A BAHIA, ALEGRIA E RÍTMO
o que me dá são paulo, bursite e renite
O QUE ME DEU A BAHIA, A AFRICA COM SUA BELEZA E GRAÇA
o que me dá são paulo, a feiúra da fábrica com sua fumaça
O QUE ME DEU A BAHIA, O VELHO CHICO DE SABOROSOS PEIXES
O que me dá são paulo, o rio tietê com lixo adornando seu leito
O QUE ME DEU A BAHIA, RÉGUA, COMPASSO E GEOMETRIA
o que me dá são paulo, a matemática lógica e fria
O QUE ME DEU A BAHIA, CHÃO DE TERRA E CHUVA DA BOA
O que me dá são paulo, o asfalto frio coberto pela sua garoa
O QUE ME DEU A BAHIA, ÁGUA DE COCO, REDE E PREGUIÇA
o que me dá são paulo, o trabalho árduo do dia-a-dia
O QUE ME DEU A BAHIA, SAMBA, CERVEJA E AMIGOS PRESENTES
o que me dá são paulo, suor, lágrimas e de sua gente a indiferença
O QUE ME DEU A BAHIA, SEMPRE SERÁ ALIMENTO PARA O ESPÍRITO
o que me dá são paulo, sempre será alimento para o físico