No meu álbum de família tem tantas fotografias pelo tanto de ano vivido, não tanto quanto o do rei Roberto Carlos, que expô-las me causa emoções indizíveis.
Poderia expor a foto do colégio Santa Eufrásia, administrado por feiras; lá, eu conheci o quanto deus pode ser mau pelas palmatoadas das professoras, principalmente a de religião. Porém, aprendi a respeitar o outro. Ou então, a foto de um nordestino cabra da peste que conviveu comigo até os meus doze anos e foi esteio em minha vida, e devido à distância que nos separou, permeou as minhas saudades, o meu avô.
Poderia expor a foto de uma senhora-menina com 73 anos, completados no último dia 23 de maio, que me ensinou o quanto deus é bom ao dispor de si para dispor-se ao outro, a minha mãe. Ou então, a foto de um jovem, senhor dos seus 76 anos a completar em 07 de setembro, que com a mão direita me deu o pão, alimento para o corpo; com a mão esquerda os livros, alimento para a alma; e me ensinou o significado de bondade, o meu pai.
Poderia expor a foto dos tios, tias, primos, primas, irmãos, irmãs, sobrinho e sobrinhas que me ensinaram a consagrar a família. Ou então, a foto da rosa e do cravo que, apesar das brigas infantis, se constroem amando e mais me ensinam do que eu a eles, os meus filhos.
Poderia expor, por fim, a foto de uma guerreira que aos 12 anos saiu do seio da sua família por não suportar ver os pais se disporem da alimentação para dispô-la aos filhos, e em dias de farinha com peixe frito, havia dias outros que na falta de um alimentavam-se do outro e na falta dos dois, alimentavam-se de ilusões. Essa guerreira venceu e me ensinou o significado de solidariedade. Minha flor de Liz, sedimentando o meu chão; mais do que estrela do meu céu, o próprio céu, minha esposa.
Não o faço por saber o valor que todos eles incutiram em mim. Exponho outra foto porque ela simboliza o valor de outra família agregado aos meus valores. O filosofo escreveu que nossa felicidade depende dos bons encontros que temos no decorrer da vida, e esta família foi um bom encontro. Algum dos membros já conheço há bastante tempo, outros há pouco e alguns estou aprendendo a conhecer, mas todos eles já significaram o valor da amizade e da gentileza. Por isso, amigos, obrigado é o mínimo que posso dizê-los. Muito podem achar que a foto pode representar pobreza, mas ressalto que o tesouro está intrínseco; ela representa a família e para conhecer uma família é necessário entrar em casa. Por isso convido a todos a conhecer essa nova família que tanto valor agregou a mim. Para sabê-los clique no título da postagem para entrar na casa de cada membro desta nova família; não precisa bater na porta, ela já está aberta.
- In memorian Pedro Mariano Vogado, meu avô, vindo à luz em 30 de janeiro de 1907 e ido à luz em 11 de outubro de 2000
- A frase “dispor de si para dispor-se ao outro” é de autoria do Padre Fábio de Melo e está no livro “Quem me roubou de mim?”