Eu ainda olho para o céu a procura de estrelas, tê-las próximas a mim, mesmo sabendo a distância descomunal entre nós, é uma espécie de cura para as desilusões. Uma colcha azul marinho sem nenhum bordado, assim estava o céu, faltava-lhe estrelas, tive que olhar para dentro de mim. Não muito diferente, a mim, mais do que estrelas, faltava luz.
Não sei se contabilizar a minha vida, as perdas serão maiores do que os ganhos, afinal o acúmulo do tempo é muito. Alias, pensando bem, se eu for pesar bem as perdas chegarei à conclusão que os ganhos são sempre maiores, pois quando eu perco, o custo da frustração não me abala tanto por saber que mais na frente à recompensa sempre pagará o prejuízo. Porém, há frustrações que além de tirar as estrelas do céu, rasga-o nos deixando um vazio infindável, uma sensação de vácuo e por mais plantado que esteja no chão, respirar se torna um fardo impensável.
Sentei naquele descampado com uma necessidade de uma árvore, as cordas eu havia trazido. Mas não havia árvore nenhuma, não havia rio, nem sequer uma mísera ponte. Ali, existia chão, grama, desalento e mais nenhum ser vivo...
Para trás ficaram lágrimas e saudades, das despedidas que não houve, adeuses davam nós na garganta dos meus. Adiante, o sol percorria pelo asfalto. Enfim, luz!
Imagem: Eder Ribeiro