Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

sábado, 28 de abril de 2012

Segui te amando após todas as reticências


        Parte final

   São Paulo havia se transformado em uma cidade intransitável, os congestionamentos diários e os meios de transportes público precários tornavam a locomoção um calvário, aumentando a taxa de estresse da população e consequentemente a convivência mais conflitante. O seu carro estava imóvel na Avenida 23 de maio. Desceu e viu a fila quilométrica ao longo da avenida. Um trajeto que demorava uma hora no máximo, levaria o triplo do tempo. Entrou no caro, esmurrou o volante com as duas mãos e desferiu palavrões ao governo. Ligou o rádio procurando uma estação de rádio que estivesse tocando uma música que lhe acalmasse, como não a achou, desligou-o. Um policial aproximou do seu carro e percebeu que ele não estava com o cinto de segurança afivelado. Rasgou a multa assim que lhe foi entregue. Entre todos os bichos do reino animal, xingou o prefeito com o palavrão mais apropriado - veado -, pois sabia da sua avidez. Uma delas por arrecadação de tributos, e, também, por estar transformando a cidade de São Paulo, conhecida pelas suas indústrias, em uma indústria de multas. Quando chegou ao Anhembi não havia como estacionar nas ruas próximas, todas estavam tomadas pelos carros. Devido o preço exorbitante dos estacionamentos particulares, foi obrigado a desembolsar uma grana alta. Com as moedas que sobraram, pediu uma xícara de café expresso, tomou-o lentamente, não para saboreá-lo, mas para acalmar-se do estresse paulistano. Encaminhou-se para o seu stand, sentou na cadeira, pegou a caneta e ansioso esperou o primeiro leitor para autografar o seu livro "O fim de uma história".
   Preferiu não autografar os livros que os seus familiares compraram. Esperou durante uma hora, nenhuma alma viva se atreveu a comprar o seu livro, quanto mais a lhe pedir autógrafo. Espichou a cabeça para espiar o fluxo de visitante na bienal e percebeu que a maioria estava em um stand adiante. Foi até lá e teve uma decepção. Ali estava o motivo de não ter vendido nenhum exemplar, fora os que venderam para os familiares. Atrás da mesa, dando autógrafos com sorriso de orelha a orelha, estava Paulo Coelho. Voltou para o seu stand desesperançoso.
    Horas depois, cabisbaixo, começou a falar consigo mesmo.
   - Ele começa com uma letra, finaliza com um ponto final e entre um e outro há uma lacuna enorme, não tem conteúdo, como diz a crítica, contudo vende que nem água.
   - Bela citação. Neruda. É fácil escrever, basta uma letra e um ponto final, depois é só preencher de ideias. Não desista. Um bom guerreiro é aquele que nunca desiste de um bom combate.
   Ele não acreditou no que estava ouvindo, já tinha lido aquela última frase em um dos livros do Paulo Coelho. Levantou a cabeça e viu um vulto com os cabelos achumbados se afastando. E assim permaneceu, sentado, dando ouvidos às moscas, sem forças para reagir a mais um fracasso.

   Ela tentou passar despercebida assim que ouviu o estampido do tiro vindo do escritório, porém, o nervosismo não a deixou. No entanto, a indiferença dos transeuntes não permitiu um gesto de ajuda. Viu quando os pombos voaram do fio da rede elétrica e entendeu a intranquilidade dos mesmos, pois era também sua. A passos largos, subiu os degraus automaticamente como se não tivesse controle dos passos. Não o tinha, o desespero era o seu condutor.
   Ele ainda estava com a arma apontada para o monitor destroçado pelo tiro, quando a viu entrar aos gritos.
   - Não faça isso. - Disse quando o viu apontar a arma para a cabeça.
   - Mas esse é o fim que todos esperam, o prazer mórbido é uma característica humana.
   - Mas não estamos falando de literatura, mas da sua vida.
   - A vida, de um jeito ou de outro está sendo escrita, quanto ao final, nunca saberemos, pois o escritor é desconhecido.
   - Pois deixa que eu escreva o final da sua com um eu te amo.
   - Não me provoca risos. O romantismo se perdeu entre o fim do século dezoito e metade do século vinte. Hoje em dia ninguém usa o verbo amar, mas sim, fazer amor. O amor deixou de ser um sentimento, melhor dizendo, deixou de ser sentido como o era, romântico, puro, para ser um ato mecânico-físico, não um sentimento que vem de dentro para fora, mas uma ação extrínseca que se consome no ato em sim e depois de consumido se perde dos parceiros.
   - Eu te amo. - Ela disse pausadamente e acreditava no que estava dizendo, pois sentia.
   - Você não precisa dizer isso para que eu desista...
   - Mas eu te amo.
   - ... do meu intento. O suicídio é um ato covarde que precisa de muita coragem para se cometer. Eu não tenho. - Esmorecido, colocou o revólver no rack e a afastou de si, pois, aos prantos, ela tentava lhe abraçar implorando que o amasse.
   - Por favor, essa história não merece um fim dramático. Não estamos em um dramalhão mexicano. - Pegou a sua mochila deixando tudo para trás, filhos, esposa, a profissão e a amante (?).
   - A história da minha vida de agora em diante será precedida por reticências, qual final vai ter eu não sei, só espero que o autor que a esteja escrevendo não seja tão mau escritor como eu fui. - Saiu sem dizer adeus.
   Ela voltou ao escritório durante um mês, todos os dias, na esperança que ele voltasse. Como não voltou, seguiu a sua vida. Divorciou, casou novamente, teve filhos e nunca deixou de amá-lo. Habitualmente, percorria as livrarias da cidade pesquisando todos os livros lançados. Enfim, cansada da pesquisa, cabelos achumbados, precisando de uma bengala para se locomover, viu em uma das livrarias o último lançamento, cujo título era, "Segui te amando após todas as reticências". No rodapé da capa estava o nome dele.  

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terça-feira, 24 de abril de 2012

Segui te amando após todas as reticências


         Parte I

   "Era o meu fim"
   Escreveu sem saber qual sinal de pontuação deveria usar. Tentou uma interrogação e a deletou, pois essa foi a pergunta que mais se fez a cada insucesso e assim que uma resposta era encontrada, o recomeço redundava em um novo fracasso. Era isso que ele não queria. Ao finalizar a frase com reticências, sorveu o café lentamente, não para saboreá-lo, mas para se acostumar com a pontuação usada, cujo uso, em seus escritos, era raro por passar a ideia de que a história não teria um fim, contudo, o que ele mais ansiava era o fim. Deletou-a. Por um longo tempo, deixou a frase finalizada com um ponto de exclamação e foi à janela por não ter mais nada a fazer. Voltou da mesma forma que foi, entediado. Jogou-se na cadeira, pôs o cotovelo sobre o rack, apoiou o queixo nas palmas da mão, olhou o monitor enxergando além da frase e não gostou do que viu. Penteando o cabelo com os dedos e meneando a cabeça para os lados com a intenção de afastar os maus pensamentos, deletou o ponto de exclamação, pois dava a ideia da intenção do fim, não o fim em si, o fim que enxergou além da frase. O fim! Passado alguns minutos entre pensar, idealizar e agir, emborcou a garrafa térmica, porém a mesma estava vazia. Girou a cadeira jogando a xícara para cima e a pegou de volta. Fez o gesto amiúde, até o barulho da xícara se quebrando no chão o fazer voltar à vida. Pronto, não cabia mais pensamento, ou idealização, mas somente ação. Colocou um ponto final na frase, pegou o revólver que havia colocado próximo ao mouse, olhou a frase pronta com a pontuação correta e atirou. O estampido do tiro fez com que os pombos descansando no fio da rede elétrica alçassem voo e voltasse logo em seguida depois que o silêncio imperou na rua. Dos transeuntes não se poderia esperar a mesma reação, acostumados com a rotina da violência, passaram indiferentes ao ruído. Somente uma pessoa, próximo da rua, ouviu o estampido; desesperada, aos gritos, correu em direção ao ruído, assustando os pombos que alçaram voo em busca de tranquilidade. Mais uma vez, os transeuntes ignoraram o desespero da mulher que gritava, tanto quanto a inquietude dos pombos.

HORAS ANTES

   Atrasada, ela subiu as escadas de dois em dois degraus. Esbaforida, jogou os Saramagos em cima da escrivaninha derrubando "O homem duplicado" que caiu no chão rasgando a capa. A reação aborrecida e de desaprovação dele se rendeu ao sorriso largo seguido pelo brilho dos olhos verdes água que ela tão bem sabia usar quando se encontrava em situação como essa. Ela provocava nos outros uma atração tão natural que todos, sem exceção, se rendiam aos seus encantos.
   - Como estou? - Quando ele fazia esse tipo de pergunta, sempre esperava um elogio.
   - Meu Deus, você não aprende mesmo. - Ainda ofegante, disse com sorrisos, tanto nos lábios, quanto nos olhos, ajeitando a sua gravata.
   - Você sabe o perigo que corre aproximando assim de mim.
   - Hum, hum...
   - Eu queria aprender a lhe dar um nó para desatá-lo na cama. - Colocou no rosto uma seriedade que não lhe pertencia.
   - Isso soa tão vulgar para quem escreve. Garanto que você não usa esses diálogos em seus livros.
   - Qual? O nó ou o desatar na cama? - Abraçou-a com força trazendo-a para mais próximo de si.
   - Por Cristo! Homens. Só pensam em sexo. Vá se ajeitar. Apressa-se, senão vai chegar atrasado. - Empurrou-o para se desvencilhar do seu abraço e lhe deu um tapa no tórax.
   - Se um dia, você perder essa maldita herança católica de achar que o sexo só serve para procriar, vai se arrepender e aí será tarde. - Não a ouviu responder, saiu batendo a porta, foi à garagem e acelerou o carro rumo ao Anhembi.
   Ela sabia que o nó já havia sido dado, pois o amava, ou não? Como toda mulher, era insegura em relação aos seus sentimentos, tanto quanto em demonstrá-los. E se o amasse?  Desatar o nó é que seria difícil enquanto estivessem casados, ambos, com seus respectivos parceiros. Apanhou o Saramago do chão e terminou de lê-lo. Fechou o escritório, encostou-se na porta e suspirou. Foi tentando deixar os sentimentos por ele para trás. Imaginou o sucesso que o seu livro faria na Bienal. Abraçada a sua fé, colheu uma margarida imaginária e a despetalando disse, eu te amo, eu não te amo. Parou antes que as últimas pétalas mostrassem o que ela não queria saber.

Continua

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sábado, 21 de abril de 2012

As imagens que nos moldam


         PARTE FINAL
   ‘A VIDA AOS VINTE E CINCO’.

   Rameiras, dessas que se acham em qualquer esquina eram corriqueiras nas mãos de Tarcísio. Perdido em noite escura, como todas as noites são para ele, Tarcísio a viu passar em sua frente deixando seu perfume impregnado no ar. Aquele aroma aguçou o seu olfato e despertou nele o desejo incontrolável de possuí-la. Flecha desesperada em busca do alvo, Tarcísio se lançou em sua direção. Roubou-lhe do seu caminho agarrando-a pelos braços. Uma mistura de medo e excitação pelo ato inesperado, ela como gata no cio, se deixou vencer.
   Foi nesse período da vida que Tarcísio foi moldado pelo lado bom da vida. O amor dava novos tons no barro seco de sua alma. Durante o tempo que viveu com seu amor ele foi transformado, apagando qualquer traço de maldade que ainda houvesse.
   Tarcísio esqueceu que a vida nos testa todos os dias para saber o quanto estamos maduro e se percebe que ainda estamos verdes nos oferece o sofrimento para a transformação, e se aprendemos, amadurecemos. Se não, apodrecemos. E ele apodreceu, pois sempre haverá a nodoa tingida na sua alma pelos seus pais.
   Quando ele chegou em casa o dia já estava perdendo o seu colorido habitual para ganhar mais tons de cinza e preto. Era noite. Um breu circundava a sua casa, como se a alma dos seus pais cobrisse o céu em sua volta. Apenas um clarão a iluminar o seu quarto. A luz o convidou para entrar. Ele tentou fugir, mas ela se engendrou por todo o seu corpo e o empurrou para dentro. Os sons que lhe chegaram já denunciavam o que os olhos não queriam ver. Mas para enxergar há a necessidade da luz, e ela lá estava para lhe ajudar. Tarcísio viu seu amor com outro. Águas salgadas a lhe salpicar dos olhos, dando cor rósea ao sangue dos corpos da sua esposa e do seu amante, saíam. Gritos ensurdecedores de por quê rasgavam-lhe pela boca.
   Tarcísio não entendia que a transformação tem de vir de dentro para fora, não era o outro, mas nós mesmos, por vontade própria, que nos transformávamos.

   ‘A VIDA AOS SESSENTA’.

   Tudo lhe era postiço. Para enxergar havia de ter lentes de correção e não havia luz no mundo que lhe colorisse um palmo a sua frente, contudo, o preto e o branco eram as cores que davam tonalidade a sua vida, pois sabia que estava ficando cego. Definitivamente a natureza estava dando conta do seu terror lhe tirando a visão. O pouco da audição que tinha só dava para escutar se lhes falassem bem de perto. As pernas não agüentavam o peso do corpo, quiçá da alma. Pele enrugada como folha seca do outono delineava em cada linha as maldades que na alma se escondiam. Os cabelos brancos, ralos e compridos escondiam a máscara inacabada de um homem que não soube moldar a si por si mesmo e sim pelo que os outros diziam ser a verdade. E a curva do tempo lhe caía tão bem tirando dele o que dos outros bem soube tirar: a vida. Curvado sobre si mesmo, Tarcisio sentado no chão, esperava que a morte o espreitasse e bondosamente desse cabo da sua vida. Já tinha vivido o suficiente.
   O olfato era o único dos sentidos que ainda demonstrava que aquele farrapo de homem estava vivo. O ar lhe trazia o aroma que um dia despertou-lhe o desejo de possuir a carne. Mas isso era impossível, ela estava morta. Sorrateiramente um sussurro lhe chega pelas costas e ele sente o calor dela lhe tirar da letargia que se encontrava.
   - Vem que eu vou lhe levar de encontro à luz e de novo você enxergará – Ela sussurrou nos ouvidos de Tarcísio. Ele tentou se levantar, mas o corpo não corresponde ao chamado da sua vontade. Ele não era o que desejava, mas o que sentia. Todos os seus sentimentos eram de inutilidade, o tempo já deixara nele a sua marca. Não havia forças naquele corpo que pudesse, por vontade própria, lhe desviar do caminho que o destino lhe reservara. Ela, sofregamente, lhe arrancou, pelos braços, do chão levando-o de encontro à luz.
   Ao abrir os olhos e sentir o calor da luz aproximando, seu primeiro sentimento foi de medo. Aos poucos ele foi se acostumando, pois sabia que na velhice ele tinha que se adaptar a tudo que lhe vinha ao encontro, se força não tinha para a reação. Uma imensa brancura foi a primeira imagem que lhe veio aos olhos. A cada segundo que a visão se adaptava a luz, as várias tonalidades de branco foram ganhando cor rósea até chegar às variedades da cor vermelho carmim.
   Diante dele sentado num trono, a imagem do seu pai, com chifres na cabeça, um rabo entre as pernas e um tridente nas mãos escarnecia da sua figura. Finalmente ele tinha encontrado aqueles que lhe caía bem. Estava no seu mundo.
   E assim a vida nos reserva a estada final, de acordo com a imagem e som que recebemos, quando, bem cedo, moldamos nossa alma ao nosso corpo.
Texto de 2006
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quarta-feira, 18 de abril de 2012

As imagens que nos moldam

             PRIMEIRA PARTE

   ‘ A VIDA AOS CINCO’.

   Quando a fôrma que nos moldam nos é apresentada, adere em nossa alma nos tornando massa concreta, donde antes éramos apenas barro a espera do sol a exalar a água nele contido para gravar o contorno final. Tarcísio teve um péssimo artesão, amassou o barro, não o moldou. Sabe lá se um ser como este possa ser chamado de artesão. Para Tarcísio chamá-lo de pai era um sacrifício, mas assim ele exigia e assim Tarcísio o chamava, afinal, queira ou não, ele biologicamente o era.
   Aos cinco anos os ouvidos atentam para no ar pescar os sons, os olhos as imagens e no embaralhamento dos dois, os tons que colorirá o barro seco de nossa alma, ainda, sem cor, imaturo.
   As noites para Tarcísio eram sempre assustadoras. Os sons e imagens eram mais intensos. No seu quarto a escuridão lhe era companheira. A fresta de luz que vinha do quarto dos seus pais, como laço incontrolável em busca de alguns olhos para se mostrar, ia direto para os seus. Era nessa hora, onde se fez luz dando claridade ao seu quarto, que o terror aumentava. Como lhe era doce a escuridão. A luz ia aumentando de intensidade e Tarcísio, embriagado, se deixava guiar. Pela fresta da porta do quarto dos seus pais, os sons e imagens eram as fôrmas que ia lhe moldar. Eram sons e imagens doentias ou os olhos e ouvidos que não estavam preparados? Tarcísio nunca conseguiu responder, pois recordar as imagens e sons era uma viagem ao terror de si mesmo. Mas nunca se apaga o que nos marcou profundamente. Seu pai, abruptamente, sobe em cima de sua mãe, levanta o lençol e se cobrem. A luz só lhe mostra o contorno dos corpos se mexendo embaixo do lençol. Risos e gemidos se ouvem. De repente a luz, em flashes, lhe mostra um ser irreconhecível levantando a mão e enchendo o rosto de sua mãe. O estalido do tapa se confunde com os gemidos de prazer aos seus ouvidos. A imagem agora só tinha uma cor: o vermelho escarlate a manchar o lençol. Ele não entendia o por quê chegava aos seus ouvidos a voz de sua mãe dizendo ao seu pai, várias vezes, o eu te amo. Desse dia em diante, quando se fazia noite, qualquer sinal de luz, um simples vaga-lume, era um tormento para Tarcísio.

   ‘A VIDA AOS TREZE’.

   Mesa ébano sem toalha, sobre ela um filete branquíssimo medindo um palmo, no final um canudo, destes de tomar refrigerantes, cortado ao meio, em pé, de encontro a um nariz que aspira todo o filete. Tarcísio ouve seus colegas lhe dizer que ele era o próximo. Até aquele momento, o único pó por ele aspirado era o pó que saía do tapete de entrada que sua mãe ganhou do seu pai, em comemoração aos dez anos de casado, quando ela limpava reclamando da vida dura que levava. Levado pelos outros, como todos adolescentes são, quando não tem um lar, ou quando tem, não tem uma figura paterna ou materna para espelhar, Tarcísio foi. Se o crime lhe dá por uma mão, lhe cobra pela outra. E assim todos os seus amigos foram levados, sem exceção, pela mão que cobra. Perdido e só, num desses momentos em que o álcool é refúgio, Tarcísio tentava esquecer o que lhe era estranho e o que não era. Não conseguindo, a escuridão cobria tudo em sua volta lhe avisando que já era noite.
   Em casa, refugiado na escuridão do seu quarto, ele tateia a gaveta, se contorcendo devido à abstinência das drogas, a procura de uma trouxa. Acha a última que lhe restava. A abre, com o dedo ele experimenta para se certificar que era droga. Aspira tudo. Êxtase e depois estupor. Lagarta a explodir do casulo dando vida a um novo ser, Tarcísio sabia que lhe seria melhor permanecer como lagarta protegida em seu casulo, mas não, a metamorfose sempre agiria. O clarão da luz do quarto do seu pai adentrava por debaixo da porta. Trancado em seu quarto para se proteger do seu terror, Tarcísio foi induzido, por estar alcoolizado e drogado, a abrir a porta. O terror entrou lhe chamando para espreitar, e ele foi para a porta do quarto do seu pai. Ouviu o estalido do tapa do seu pai em sua mãe, ouviu os gemidos e o eu te amo. As imagens eram mais vermelhas do que quando ele viu aos cinco anos. A própria luz era mais incandescente dando mais força a claridade. Foi então, que, como acordando de um pesadelo, ele percebeu que todo o seu corpo estava maculado de vermelho e em sua mão uma faca pingando sangue, na cama dois corpos perfurados em vários lugares. Estava feito. Nesse dia ele assassinou o seu terror


Continua.

Texto de 2006

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sábado, 14 de abril de 2012

Quando o amor acaba

   Carlos com as duas mãos apoiadas na pia olha a imagem triste refletida no espelho do banheiro. As lágrimas que caem dos olhos desenha no seu rosto dor. Aos vinte anos tem um rosto belo e jovem. Limpa as lágrimas, olha bem dentro dos seus olhos e percebe que sua alma envelhecera, não havia vigor, nenhuma vontade. Num ato de desespero querendo apagar aquela imagem no espelho como quem desfazendo da sua alma, ele pega a tesoura com as duas mãos e crava no espelho. Cacos de vidros sangraram-lhe os braços. A dor da alma e a dor física agora são companheiras. Ele urra, esbraveja, derruba todos os utensílios do banheiro, com os pés quebra o vaso sanitário. Vai até o quarto e desfaz as malas que estavam em cima da cama, espalhando suas roupas; revira o colchão. Quebra tudo que vê pela frente. Exaurido e todo ensangüentado se joga no chão. Lágrimas e sangue jorram. Sentado ele começa a tirar os cacos de vidro do braço quando ouve a campainha tocar.
   - Carteiro. Carta para Carlos Miranda.
   - Joga por debaixo da porta. – Grunhe Carlos.
   Refeito dos ferimentos do corpo, Carlos pega a carta, os da alma ele teria que suportar, pois estes não tinham cura. Sua doce Marta o rejeita. Pede explicação, mas ela não dá, pede para ir embora, mas ela não deixa. Displicentemente ele abre a carta sem notar o nome da remetente.


   “São Paulo, 13 de agosto de 1985.
                             
   “Querido Carlos, quando você estiver lendo está carta já estarei longe. Aqui estará escritas todas as respostas que você sempre quis. O motivo verdadeiro por não te querer. Lembra quando você dizia que meus olhos são espelhos da minha alma e o por quê de carregar sempre um olhar triste; por não te contestar, antes o que era uma pergunta, tornou-se uma afirmativa. Assim você me define. Por você não ser direto era fácil fugir das tuas perguntas. A vida está me cansando, como não tenho coragem de desistir dela, ela está desistindo de mim. Resolvi tirar os fantasmas internos para que os externos descerrasse a máscara que me cobre. Assim meus olhos espelharão a minha verdadeira alma.
   “Vou lhe contar a minha história.
   “Havia decorrido três meses que eu estava trabalhando naquela loja. Tudo era monótono. Como você bem sabe, eu me canso fácil das coisas. Acertei as minhas contas quando ele entrou na loja e me perguntou se eu poderia lhe atender. Expliquei que não trabalhava mais naquela loja. Todo galanteador, Pedro, este era teu nome, disse que eu não sabia o que ele queria. Cair na besteira de perguntar o quê. Foi direto. Você. Elogiou-me dizendo que eu era bonita. A natureza foi grata comigo, pelo menos este atributo me deu.
   “Encantada com tantos elogios, pedi licença e fui até a porta, quando voltei, ele quis saber o porquê daquela atitude. Disse-lhe que estava procurando a carruagem, pois com todo aquele garbo ele só poderia ser um príncipe. Pedro riu e disse que eu era uma mulher fácil de se apaixonar, pois sabia como ninguém moldar um sorriso no rosto de um homem e a mulher que consegue isso sabe como fazê-lo feliz. Saímos e quando estávamos atravessando a rua, Pedro pegou-me pelo braço suavemente e disse que tinha esquecido de algo. Voltou com um buquê de rosas. O mundo parou naquele instante. Nos olhamos, os nossos olhos brilhavam de felicidade. Nossos lábios se encontraram. Uma onda de felicidade penetrou em mim e percebi que daquele dia em diante eu não conheceria outra estrada senão a estrada da felicidade cercada de muito amor.
   “Quem disse, Carlos, que o para sempre é para sempre. Nada é eterno, um dia acaba. Pode ser por um processo natural ou acidental, mas acaba. E acabou.
   “Vivíamos felizes havia cinco anos. Ele fazia tudo por mim, não me permitia ocupar com os afazeres domésticos. Chegava ao absurdo de no fim de semana, folga de nossa empregada, ele cozinhar e levar na cama. Devido essa ociosidade, voluntariamente ajudava numa instituição de mães solteiras. Como éramos ricos, comprava roupas de gestantes e recém-nascidos e levava toda sexta-feira para a instituição. Sentia útil.
   “O sonho dele era ter um filho e durante todo este tempo tentamos. Numa quinta-feira peguei uma virose e fiquei acamada. Pedro deu toda atenção velando por minha saúde. No domingo um pouco melhor pedi para pegar uma roupa leve enquanto tomava banho. Foi o começo do meu inferno. Ele achou as roupas de recém-nascido e me felicitou pela gravidez. A felicidade estampada no seu rosto era de uma intensidade imensurável. Com medo de decepcioná-lo não contei a verdade. E assim foi por três meses. Passei a achar que também estava grávida. Tudo era belo. As carícias, a atenção, o cuidado dele para comigo fascinava-me. Estava perdidamente apaixonada por ele. Carlos, às vezes eu me pergunto o que fizemos para as mãos de Deus nos tirar do paraíso e de repente nos jogar no caldeirão do inferno. O começo do fim mostrou seu rosto. Dores infernais na barriga. Cólicas insuportáveis. E o que menos se esperava aconteceu. A menstruação desceu. Gravidez psicológica. Quando ele soube do diagnóstico se transformou. Daquele dia até o fim do nosso relacionamento não o reconheci mais. Frases incômodas saíram de sua boca. Chegou ao absurdo de dizer que eu não era mulher, que eu era oca por dentro, pois eu não tinha capacidade de dar-lhe um filho. Até hoje suas últimas palavras estão gravadas no meu coração: “Se for para ter uma mulher igual a você, prefiro uma prostituta, pelo menos ela me dará mais prazer”. Foi o fim.
   “Carlos, resumindo, esta é minha história. Eu não consigo amar mais ninguém. Pedro conseguiu retirar de mim todo o amor que eu tinha. Sempre quis você por perto porque nas gentilezas você me lembrava muito ele, e lembrar do Pedro é lembrar o que de ruim o amor pode causar. Adeus.
                                           Afetuosamente, tua amiga
                  Marta Assunção.


   Carlos não tinha mais lágrimas a derramar, as cicatrizes do corpo seriam curadas, as da alma ele delegava ao tempo a cura. Olhou para a casa toda bagunçada e viu o retrato da Marta no meio dos entulhos. Pegou-o e rasgou-o juntamente com a carta. Bastava-lhe os traços que Marta maculou em teu coração, eram lembranças demais para suportar, qualquer outra lhe traria mais dor. Partiu só com as roupas do corpo. Não olhou para trás.

   Vinte anos depois.

   Setembro de 2005, estava eu de férias a passear pelo calçadão da praia, ao entardecer, praia deserta. Paro e sento no banco a admirar o horizonte e percebo a infinitude da natureza, tudo transforma e é transformado, mas ao mesmo tempo tudo é infinito, somente nós somos finitos. Quando vejo sentada na areia, o mar a molhar seus pés, inerte qual pedra esperando as águas lhe dar nova forma, a figura de alguém, largada. Era Marta, transformada pela desilusão, abraçara para sempre a solidão como companheira a espera do fim.

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   História baseada em fatos reais. Nome dos personagens foram trocados para preservar a identidade dos mesmos.
   Carlos: Após partir nunca mais soube notícias dele.
   Pedro: Casou-se de novo.
   Marta: Hoje aos quarenta e dois anos vive sozinha. Nunca teve filhos devido seu útero ter formato de coração. Após vários miomas retirou o útero.
   Obrigado Marta por compartilhar sua história comigo. Vou sempre guardar de ti a frase de Gandhi que sempre cita: “A felicidade é o caminho, não existe caminho para felicidade”. Então Marta, caminhamos. 

Texto de 2006

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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Era uma criança


   O seu olhar trazia um medo desmedido, o nervosismo lhe tirava um pouco da inocência, a arma em mãos lhe ocultava qualquer traços de ternura. O passo que ia dar lhe tiraria a puerilidade, não haveria volta, ele pisaria em terra de homens. Era uma criança.
   Cansado dos maus tratos verbais e das surras que seu pai lhe aplicava após voltar da rua embriagado, ele procurava outro refúgio, um válvula de escape, uma abertura para a fuga. O seu mundo imaginário não mais aliviava as dores, o seu herói não mais jogava as suas teias para içá-lo e salvá-lo das garras do vilão, o terror habitava a sua casa. Era uma criança.
   O passo dado para lhe tirar do terror familiar foi retido pelo peso do silêncio antes que o levasse para um terror maior. Porém, o peso estava aquém para dobrar a sua consciência.

   PARE, NÃO FAÇA ISSO. quem é você? NÃO ME RECONHECE MAIS, PRECISO COLOCAR A MASCARA PARA ME FAZER RECONHECÍVEL? agora eu percebo que todos nós colocamos mascaras de acordo com a conveniência para ser reconhecido, você não precisa, você é autêntico, homem-aranha. ENTÃO, POR QUE VOCÊ VAI COLOCAR ESSA MASCARA? a natureza já colocou uma mascara em mim, já estou marcado. QUAL MASCARA? está na minha pele, não percebe, a cor, sou negro. A NATUREZA NÃO, A SOCIEDADE, E ELA SÓ ADERE SE VOCÊ ACEITAR, NÃO A COR, MAS O PRECONCEITO.  tudo é fácil quando se é super-herói. NÃO SE FAÇA DE VÍTIMA E SEJA UM. como? olha para o meu pai, negro; olha para a minha mãe, negra. E DAÍ, CARA, VOCÊ ESTÁ SE REFLETINDO NO ESPELHO QUE A SOCIEDADE LHE IMPUTOU, MUDA DE ESPELHO. é fácil quebra um espelho, um preconceito, não. DEUS NOS FEZ DIFERENTE PARA QUE PUDÉSSEMOS CONVIVER COM AS NOSSAS DIFERENÇAS E PARA ISSO NOS DEU A LUZ, A LUZ DA HARMONIA; NO ESCURO SOMOS TODOS IGUAIS PORQUE NÃO NOS REFLETIMOS NO OLHAR DO OUTRO, SE AO ACENDERMOS A LUZ, NÃO NOS ENXERGAMOS IGUAIS É PORQUE A OUTRA LUZ, A DIVINA, ESTÁ APAGADA, NÃO PERMITA QUE A SUA SE APAGUE. a palavra é o refúgio dos covardes quando se é maioria, a minoria só tem uma arma, a ação. UNE A PALAVRA À AÇÃO, JESUS DISSE: "AMAI-VOS UM AOS OUTROS COMO VOS AMEI", ISSO É PALAVRA EM AÇÃO, ASSIM ELE PREGOU, ASSIM AGIU. porém, ele teve mais sorte, sofreu preconceito e foi morto na cruz; eu sofro preconceito, levo a cruz imputada pela sociedade sem levar os cravos como salvação. MAIS UMA VEZ EU VOU LHE SALVAR, MINHA CRIANÇA, NÃO PERMITIREI QUE VOCÊ SUCUMBA POR ESTAR OLHANDO NO ESPELHO ERRADO. homem-aranha, você é uma ilusão, seu mundo lúdico não passa de um refúgio para minha falta de coragem; quando olho no espelho eu me vejo como eu sou, a sociedade que olha o espelho errado; ela se olha e se ver como gostaria de ser, impõe um padrão ético e moral de acordo com a conveniência, porém não percebe que somos plurais. SE VOCÊ AGIR COMO PRETENDE, ESTARÁ SE TORNANDO SINGULAR, ESTARÁ INDO DE ENCONTRO AOS ENSINAMENTOS CRISTÃOS. o cristianismo que a sociedade prega não é o mesmo que ela pratica quando houver um irmão passando fome. ISSO NÃO LHE DAR O DIREITO DE FAZER JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS. justiça? qual justiça, a que prega as cotas para negro como solução, a que dá bolsa-família; não homem-aranha, eu quero é oportunidades, a sociedade não sabe prouver isso; preciso quebrar esse espelho. MAS... não insista, a época do heroísmo passou, você não existe, nossa sociedade não permite a ilusão, endurecemos muito cedo...

   O silêncio foi quebrado aliviando o seu peso quando o líder do bando ordenou a invasão à agência bancária.
   Ao anunciar o assalto, ele não quebrou nenhum espelho, ao disparar a sua arma no caixa que acionou o alarme, ele se assemelhou a imagem que a sociedade lhe imputou.
   "Vamos à imagem. A cena é chocante. Negro, morador de favela... A notícia é quente... Bandido, quinze anos, uma criança... Aconteceu agora a pouco... Traficante, morto pela polícia... Nossa polícia que tira das ruas esses bandidos... A zona sul de São Paulo está assistindo... Põe a imagem, pessoal... O criminoso deu um tiro na cabeça do caixa... Olha o momento que a cabeça do caixa tomba...” - O locutor, negro, narrava a cena do assalto dramaticamente. A sua locução estava de acordo com que a sociedade queria ouvir, cega, ela não via a imagem.
   "A noticia na hora que acontece. O nosso repórter está ao vivo, vamos a ele pessoal".
   "Comandante, poderia ter evitado as mortes? - Perguntou o repórter constrangendo comandante e locutor.
   "Mortes? A polícia fez um bom trabalho. Não morreu nenhum dos nossos, não morreu nenhum cidadão de bem, as mortes que houve foram de bandidos. - Disse o comandante, branco".
   "Não podemos deixar esses bandidos tirar da gente o que conseguimos com o suor do corpo. Quantos morreram? - Disse uma transeunte, branca".
   "A função da polícia é extirpar da sociedade essa escória. - Disse o policial, negro".
   A câmera foi se afastando, o repórter foi saindo de cena, o ângulo aberto mostrava uma mãe, negra, desesperada, chorando, gritando a inocência do seu filho. Ela não tinha voz.
   Em casa, todos, o locutor, o repórter, o policial, a transeunte se olhou no espelho e viram a imagem que a sociedade queria que eles vissem, não perceberam que pouco importava a cor de sua pele, negra ou branca, era por dentro que se escondia a cor do conceito, preceito e preconceito, e essa imagem ninguém via em si.

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terça-feira, 3 de abril de 2012

Você acredita em quê?

     Minha mãe sempre fez questão que todos os seus filhos fossem religiosos, porém, fez questão que cada um escolhesse a sua própria religião, portanto, na família, católicos, evangélicos e espíritas convivem se respeitando.  Ela fez questão de sempre nos dizer que encontrássemos Deus pelo amor e não esperássemos a dor para tal encontro.  Eu, por um longo tempo, não aceitei nenhum religião, hoje, aceito e colho um pouco das três citadas acima, vivo uma fase que estou tendendo mais a doutrina espírita.
     Dizem que o Diabo está entre nós, com tantos casos de corrupção entre os políticos e suas relações promíscuas com a iniciativa privada, chego à conclusão que o diabo faz morada em Brasília. Dizem que o Demo está também entre os animais, mais precisamente entre as aves, incorporado em vários Tucanos e cada um tem uma estrela como símbolo e a carrega no peito. Demonstra-me a sua fé que lhes darei cachoeiras de riqueza, assim disse o Demo aos políticos brasileiro e uma nova religião foi criada: Os Demostem cachoeiras de Dinheiro.
     Minha mãe sempre disse que um dia Jesus voltaria. Nunca duvidei; mas se o Demo, morando em Brasília, está entre nós, por que Jesus não? Alguns dizem que Ele voltaria como ladrão. Fiquei pasmo com tanta blasfêmia. Fui para casa e cheguei à conclusão que há certa razão na Sua volta como ladrão. Explico. Se o Diabo mora em Brasília, aonde Deus enviaria Seu filho senão para lá; e para Ele não ser rejeitado como da primeira vez, porque não ladrão? A única diferença entre um político e um ladrão é que o segundo pode fazer mal a poucos, enquanto o segundo, a uma nação. E com a mais absoluta certeza, sendo ladrão ou político, não importa, em Brasília, o que não Lhe faltaria era um Barrabás.  Se conseguirmos eleger o Demo, não seria difícil eleger um ladrão, desde que ele não dissesse que era filho de Deus, pois se assim fizesse seria crucificado antes.  Por isso quando estiver votando num político, pensa bem antes, o Demo pode vir disfarçado, com cara de cordeiro, mas em suas mãos haverá um tridente para lhe enfiar em seu bolso, e se ele errar a mira, você saberá onde te acertará, e aí, amigo leitor, de um jeito ou do outro, você estará f...
     Como a eleição do próximo ladrão, ou seja, do político, não importa qual, os dois se equivalem, está tão longe, eu espero que todos rezem aos seus santos, façam seus ebós, convoquem os espíritos antes que o Demo perpetua no poder.
     Que Deus nos acuda, e vade-retro Satanás.


Obs: Qualquer semelhança como qualquer ladrão ou político é mera coincidência. Peço desculpas aos ladrões por compará-los com os políticos.

Saiba como não eleger um político. Vote 000 e anula o seu voto. Se 50% + 1 fizer isso, haverá outra eleição com novos candidatos, se continuarem votando 000, a eleição é anulada de novo, sucessivamente, até que não haja mais nenhum candidato para ser eleito, então coloca um ladrão lá, dá na mesma. 


Releitura de um texto de 02/10/2007


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