Deixamos de fazer
história e passamos a ser telespectadores da vida. O tempo e o espaço agora são pequenos devido a nossa
inação. Importamos mais com a linha do tempo feicibuquiana,
curtindo e compartilhando fatos que por si só não faz parte da história devido
isso ser uma ação de mero telespectador do que o que diz ou faz o outro sem uma discussão
saudável do fato. Aqui e ali pipoca ódio ao deputado condenado por requerer
atendimento médico, mesmo sendo provado por uma junta médica que o mesmo necessita do atendimento, alegando que preso comum passam por situação
pior, ou então que em hospitais públicos doentes são esquecidos nos corredores sem atendimento. A partir do
momento que nivelamos por baixo, deixamos de lutar pela
igualdade de direito, ou seja, que todos os presos tenham o mesmo tratamento humanitário
independentemente da sua condição social perante a lei
estabelecida. Ao negarmos o direito ao deputado ser
atendido deixamos de ser humanos. É inegável que os presos no rodapé da pirâmide social devem ter o mesmo tratamento dos presos no cume dessa mesma
pirâmide, não o contrário. Quando deixamos de pregar isso, estamos propagando
o ódio, desumanizando a raça.
Talvez, essa condição de telespectadores nos tira a
condição primaz de ser: o pensamento, e com isso, deixamos de existir. Estamos
nos condicionando à invisibilidade, ao ódio, à solidão, seja entre
quatro paredes diante do computador, seja no meio da multidão com nosso Tablet.
Não enxergamos o outro nem a nós mesmo, posto que nossos olhos e atenção estão
direcionados à tela de nossas máquinas. Não nos abraçamos mais, não damos mais
as mãos, pois essas estão ocupadas em digitar, curtir e compartilhar
virtualmente. O que está acontecendo nesse século é a disseminação da
indiferença, da desvalorização da vida. Está se criando uma
geração invisível e insensível.
Imagem: GETTY IMAGES