Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

sábado, 27 de setembro de 2008

em família


quando viajo é sempre poético o meu caminho
por levar a casa de mãe, por levar ao ninho
e o bom fruto só matura quando nutre da raiz


por mais que a via ocupa-se em subtrair a vida
é-me soma e multiplicação quando estou em família
por ser em casa onde mais o amor por vários se divide


por quatro rodas a longa estrada me traz de volta ao regaço
se no estouro de uma, por três a morte tenta desviar-me da rota
seu intento é derrota, chego em casa e quando cego sempre renasço



tal qual o cravo e a rosa quando se vêem na primavera
por ser na família onde mais se floresce
e não importa o que tenho, só sou pelo que no lar obtivera


quando viajo é em casa de mãe que eu aninho
por ser o caminho de casa o veio da vida
e onde quer que quedo quero estar sempre em família


Leme, XXI/IX/MMVIII

domingo, 21 de setembro de 2008

não era noite de maria



até outro dia
em noites enluaradas, de
céu estrelado, por
seu namorado, ar-
dia o corpo de mar-
ia

foram-se os dias
sobre o dia-
rio, os olhos de ma-
ria ard-
iam em lágri-
mas, mas as más
noites de lua cheia, de novo
lhe tirou o homem
lhe deixou o lobo

fora uma noite
foram-se duas
tanto uma como a outra
noites de luas
cheias, cheia
de lua, lá, mar-
ia ia

outros dias vieram, amiúde
o corpo de maria arrefecia
so-
fria maria, só
fria, ninguém como mar-
ia sem alegr-
ia ia

mais uma vez um outro dia
talvez dia de monotonia
sob sol, só, ar-
dia o corpo de mar-
ia

dia sem noite
dia sem lua
seminua sua
o corpo de mar-
ia

ah dia! o dia de mar-
ia, só sol sobre
senhora de si
de novo, ard-
ia

e agora josé
lobo?
é de d-
ia

sábado, 6 de setembro de 2008

sentimento primaveril


inda que a tristeza seja
para os meus versos vero ensejo
de que me vale a poesia
se nas andanças não primo pela alegria


inda que a felicidade o eu-poeta mata
que seja pelos braços da primavera qu’ele renasça
que de folha em folha ele se desfaz das lágrimas
até chegar às estações das águas


inda que a necessidade do guarda-chuva se faça
não me é preciso qualquer proteção, ou fuga
pois o que caem das nuvens me inunda
de gotas poéticas divina


úmido com um cravo e uma rosa como filhos
e uma amada como flor-de-lis
inda sigo minha sina
mesmo que a tristura, do poeta, seja trilha


entristecido me perco em folhas
inda se nas estações das flores
a poesia de mim desista
primo, é vero, em ser feliz