Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Por um dia

Quando estamos em chamas, nunca devemos deixar de mergulhar nas águas do prazer para não correr o risco dos sentimentos transformarem-se em cinzas e nos levar a uma tristeza profunda. Havia um incêndio dentro de mim, muito mais do que mergulhar eu necessitava era me afogar. Fui ao mar.

Dizem que a noite é uma criança, não acho, eu que me torno uma e me deixo embalar em seus braços. Liguei o Picasso tão ansiosa quanto o gavião ao sobrevoar o galinheiro a espera que um pinto saísse para abocanhá-lo.

As ruas noturnas são passarelas para os prazeres físicos. Quando parei o carro entrecruzando ruas, eu sabia que a avenida estava aberta para o meu deleite. Ele se dirigiu ao carro e eu prontamente abaixei o vidro. Com os braços cruzados sobre a porta, ele sorriu com os olhos, e deitou os mesmos no meu decote. Ia lhe perguntar qual programa fazia, mas com receio que ele dissesse, tia, nessa profissão topamos tudo, eu abri a porta e o puxei para dentro do carro.

Não me surpreendeu quando os seus olhos brilharam mais pelo fato de eu levar a minha bolsa tiracolo para o quarto do que eu me mostrar nua para ele. Apesar dos cinquenta, a natureza foi benigna comigo, pois eu não trazia no corpo as marcas do tempo.

Acordei com uma sensação de que tinha saído de uma inundação, ainda me encontrava molhada, porém satisfeita. Procurei na minha bolsa a minha carteira de documentos e não a achei. Sabia que ele a levaria, mas o que ele não sabia era que os cartões de crédito na carteira eram falsos. Sai do motel. A vantagem de amar por um dia é que nunca permanecerão as cinzas da dor por ser abandonada. Sempre sabemos que no outro dia haverá um sol, mesmo que ele não nasça.


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7 comentários:

  1. Dessa forma não vai faltar sol, nem inundação...kkk

    Medo de amar, medo de sofrer, medo de se apegar, medo de ser abandonado (a)...os medos relacionados ao amor faz se ter comportamentos que desepertam atenção e obsevação.

    abraço

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  2. Oi Samaryna! Também aguardo o dia seguinte com esperança - a luz me tranquiliza, muito mais do que a noite. Um beijo, Deia.
    PS: Diga ao mano que recebi o recado lá no fotos, e que espero notícias frescas do jardim - ele vai entender!

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  3. É amiga, Picasso é danado!
    Mas a personagem também não é fácil. E provou para o esperto "que malandro demais vira bicho", hahahaha!

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  4. Descrever sentimentos não é simples, não é fácil, e muito menos desnudar emoções tão bem como você o faz... Beijos, linda, adorei.

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  5. Os cinqüenta servem para alguma coisa se não ficam nublados pela ilusão. Muito bom e o humor finíssimo.
    beijos

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  6. Não tenho nada contra quem opta e gosta de aventuras...de sensações fáceis e baratas...Se uma mulher aos 30,40,50,60 ou 70 decide ter uma noite com um jovem estranho a troco sexo ...na minha opinião entrou numa fase muito decadente....é que se encontra tão desgraçadamente só, tão abandonada em si mesma que coitada vai à procura do 1º que surgir pela frente...e assim enganosamente sentir-se viva... falsamente amada...e consequentemente mais vazia...

    É o que eu penso...:)

    O meu afecto.

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  7. Samaryna, adoro esta música...

    Por um dia! Como sempre, um texto rico em detalhes: um mosaico de sentimentos, de aventura e graça, na textura mais perfeita de seu talento de contar.

    Abraço

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