Na escuridão você não existe, é preciso luz para que você se mostre para mim. Clique, pronto, eu liguei o interruptor. Tudo bem, eu concordo, nós somos iguais, porém, eu sou real, você é apenas o meu reflexo. Sim, eu me aproximo. Não liga para as rugas, você acha que são marcas do sofrimento, não são não, elas estão aí para nos lembrar que não somos mais quem éramos. Você concorda com o poeta quando diz que o tempo é uma abstração humana, mas não, o tempo é um castigo divino. Você acha que eu tenho as mágoas das balzaquianas, engano seu, nem tampouco tive a ilusão das virgens. O quê? Todos os meus amores foram furtivos, por isso não casei? Como você é injusta. Todos os homens que eu tive, eu amei explicitamente. Sexo? Você pensa que foi pelo sexo, amor sem sexo é fraternidade, e sexo sem amor é desespero. Puta, é este rótulo que você me põe. Ah! Você não sabe como eu amei, tem essa visão distorcida sobre o amor, acha que o amor é água e madeira, mas ele também é ferro e fogo, precisa de todos os elementos para ganhar verdadeiro significado. Sim, amei a todos e me dei a eles por inteira, desprovi-me dos simulacros, desfiz-me dos saltos altos, retirei a maquilagem, enfim, desnudei-me para vestir a alma do mais puro amor. Você quer que eu cite nomes, porém, o que é o nome diante da obra. O último não teve essa importância, mas houve um que tinha as mãos de Bach - adoro a sonorização desse nome-, ele dedilhava sobre as linhas do meu corpo e pelos meus poros saiam notas musicais, quando usava a batuta, maestrava sinfonias dentro de mim, mexia com todos os meus órgãos que eu tinha a impressão que ele estava orquestrando a minha alma, com ele eu sublimava, atingia o nirvana, enfim existia para o amor, onde o sexo era muito mais que uma necessidade física e o prazer ia além do corpóreo. Agora você silenciou, acabaram os seus argumentos, pois bem, fica quedada aí que eu vou sair. Para onde eu vou? Vou para um bar de solteiro, quem sabe encontro um homem com mãos de Mozart, ou de Chopin, serve até se for de Verdi. Não quer que eu apague a luz, você esqueceu que a sua existência depende da minha presença. Pronto, desliguei, a escuridão te mata. Saio iluminada, vestida de esperança.
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Espelho, espelho meu... Me diga apenas o que desejo saber.
ResponderExcluirBjs.
e assim ela se foi bem satisfeita...
ResponderExcluirbeijos
Há coisa melhor do que auto-estima?
ResponderExcluirConcordo com Guará quando diz que vemos o que queremos ver- em nós principalmente.
Abraços,e boa semana pra ti!!!
Melhor quando se chega a este ponto com uma luz pedida, quando podemos apaga-la dentro do nós com um simples toque no interruptor da memória.
ResponderExcluirO trecho das mãos de Bah é absolutamente maravilhoso
"dedilhava sobre as linhas do meu corpo e pelos meus poros saiam notas musicais, quando usava a batuta, maestrava sinfonias dentro de mim, mexia com todos os meus órgãos que eu tinha a impressão que ele estava orquestrando a minha alma"
Uma das coisas mais bonitas que já li sobre o toque e a entrega.
Beijos encantados Samaryna!
Aprecio a maneira criativa de trazer alguns temas.
ResponderExcluirOlhar-se no espelho, para o espelho, além do espelho e nos ver é para poucos.
abraço
"...o que é o nome diante da obra?.." Quanta verdade! Você tem o dom da palavra Samaryna. Bom te ler. Concordar também, beijos.
ResponderExcluirE a esperança lhe cai bem... LInda crônica meu amigo!
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