Toda
bola de gude sonha em permanecer na mão de um menino, pois sabe que ao ser
jogada no chão deixará rastros a serem perseguidos por ele. Assim, a história
de ambos será escrita pelos rastros percorridos. Contudo, nem todas as certezas
são compartilhadas por todos, menos ainda quando se tratam das certezas de uma
bola de gude.
Quando
ouviu o Senhor do tempo dizer-lhe: “Segue o seu destino Cacau...”, a bola de
gude sabia que havia chegado a hora em que ele se transformaria em um rapaz. No
entanto, assegurava-se que, enquanto nas mãos do rapaz estivesse, sentiria nas
suas linhas a essência do menino.
Foi
com um sobressalto que a bola de gude notou que escapava da mão esquerda de
Cacau, e, naquele instante, teve a certeza de que nunca mais percorreria as
linhas de suas mãos. A bola de gude rolou até a bicicleta e disse-lhe:
-
Seremos esquecidas. Você enferrujará e eu trincarei, não pelas dobras do tempo,
mas pelo esquecimento.
Incrédula,
a bicicleta olhou para a bola de gude, depois para os dois. Eles de mãos dadas
e olhinhos brilhantes, como a enxergar a vida mais colorida, não os viam.
-
Será? Por que você diz isso?
-
Você não percebeu bicicleta. O encanto dele agora é ela.
A
bicicleta girou o guidom em direção a eles, depois em direção a bola de gude, a
eles novamente e por fim disse:
-
Você está é como ciúmes da Mel.
A
bola de gude olhou para a bicicleta bufando, depois pondo os olhos na Mel
disse:
-
Mel só mesmo no nome, mas ela não é nem um pouco doce.
-
Não precisa dizer mais nada. Isso não passa de ciúmes e despeito por não ser
mais queridinha do Cacau.
A
bola de gude virou as costas para a bicicleta entristecida e não olhou mais em
direção a Mel e ao Cacau.
O
céu não era o mais o mesmo, e mesmo que fosse, as suas cores eram mais
intensas; o brilho das estrelas fulgia mais demoradamente; os raios solares
irradiavam em uma só direção, trazendo-lhes alegria; a lua, não importa qual
fase, estava sempre cheia; o aroma trazido pelos ventos, em quaisquer das
estações, era primaveril.
Continua quarta às 18hs00min
TEXTO DE ÁGUA E ÓLEO MISTURADOS
AUTORES:
Água: Déia Tolda
Oi Éder
ResponderExcluirEstou adorando a primeira parte do conto: os ciúmes.
Nada mais é a mesma coisa quando somos desprezados.
Beijos
Lua Singular
Eder, que encantador, o diálogo de uma bolina de gude com uma bicicleta... "Você enferrujará e eu trincarei, não pelas dobras do tempo, mas pelo esquecimento.". Essa frase me pareceu marcante... me fez pensar em minha necessidade de sempre manter as memórias vivas para que os sentimentos não caiam no esquecimento. Espero a próxima página... um abraço!
ResponderExcluirOlá!Boa noite
ResponderExcluirÉder
Déia
...Parabéns pela primeira página... vivenciamos, em forma de fantasia, sentimentos humanos: amor/ ciúme, felicidade/tristeza...
Aguardando próxima!
Belo domingo
Abraços
Texto cheio de encanto.Obrigada por compartilhar.Tenha um fim de semana abençoado.Bjs
ResponderExcluirAhhh que fofo será esse conto!
ResponderExcluirTadinho dos brinquedos!!!
Beijos!
continua, continua, linda historinha!!!!
ResponderExcluirHá um menino, há um moleque, morando sempre...em nosso coração.
ResponderExcluirForte abraço
c@urosa
É li essa parte, mas será que vai dar tempo de terminar
ResponderExcluirsó entro no próximo sábado, mas se não der td bem espero que todos fiquem satisfeito com o final dela....parabéns por egto bjusssss
Abraços de um domingo feliz
└──●► ¸.·*Rita!!
.
ResponderExcluir.
. neste conto . que por ora começa . sinto.te como peixe fora d`água . :) . porque sempre que aqui venho . ou a qualquer um dos teus outros blogues . respiro a felicidade que encontro sempre . em família materializada .
.
. um forte abraço .
.
. paulo .
.
.
Olá!Boa noite
ResponderExcluirÉder
Agradeço pelo carinho, obrigado, e desejo de um belo início de semana
Abraços
Olá!Bom dia
ExcluirÉder
Agradeço pelo carinho, obrigado, e desejo de uma bela semana
Abraços
Tenho acompanhado essa parceria e realmente tem sido encantador ler os textos de vocês. Nesse o último parágrafo revela um sonho que muitos de nós carregam no fundo do peito. Obrigada por nos presentear com esse novo estilo de escrita. Esteja bem meu querido. Gr. Bj.!
ResponderExcluirAo ler a tristeza da bola e da bicicleta lembrei-me dos brinquedos abandonados pelo menino do desenho Toy Story. Esperando o desenrolar.
ResponderExcluir[Um abraço e boa semana] :)
Pelo visto mais uma bela história vem aí, eder. Gostei da conversa da bicicleta com a bolinha de gude. Vem boas lições por aí. Assim como a amiga acima, também me lembrei de Toy Story. Abraços.
ResponderExcluirFascinante e muito bem contado este novo inicio de mais um conto aqui.Entrando no universo infantil com toda a sua infinita fantasia,bom,bom,bom! Aguardando o porvir desta linda história,abraço amigo!
ResponderExcluirCaro amigo
ResponderExcluirLer palavras que nos toquem
o coração,
é como chegar as estrelas
nos braços da luz.
Que haja sempre em ti,
tempo para estar a sós contigo
para ouvir a música do teu coração...
Oi, Eder!
ResponderExcluirTudo o que você escreve tem muita naturalidade e conteúdo.
Esse texto é uma delícia. O diálogo entre a bola e a bicicleta é demais.
As crianças são encantadoras, de facto!
Um abraço da Luz.
Oi Éder!
ResponderExcluirAchou minha poesia triste? Nem tudo são flores
A postagem abaixo é só fascinação, eu vou intercalando para não ficar muito chato, amanhã é pequenina, delicada e assim vamos tentando agradar ou não.
Você precisa conhecer meu blog infantil. Tem banner no design do lado direito.
Beijos
Lua Singular
GOSTEI MUITO. A IDEIA DE QUE OS INTERESSES VÃO MUDANDO AO LONGO DO TEMPO E O TOQUE DE AMOR NO AR!
ResponderExcluirAssim sempre será, não tem jeito.
ResponderExcluirAlguns ainda guardam consigo recordações, outros, nada mais.
Bjs
OI EDER!
ResponderExcluirACOSTUMADA A LER CONTOS DE FICÇÃO, AGORA TE VEJO A ESCREVER CO M MAIS DOCILIDADE, É CLARO QUE SEMPRE COM TEU INEGÁVEL TALENTO,MAS, DIFERENTE.
SERÁ QUE É INFLUÊNCIA DA ÁGUA (DÉIA) ? RSRSRSRS
ME AVISA QUANDO SAIR A SEGUNDA PARTE, QUERO LER.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
As fases mudam e levam os antigos interesses, que passam a permanecer apenas na memória. Abraço.
ResponderExcluirJá começou bem esse texto, apresentando o diálogo entre dois objetos que fazem parte da fase ainda inocente do menino. Voltarei para ler a segunda parte. Bom fim de semana, um abraço!
ResponderExcluirhttp://duasepocas.blogspot.com.br/
Ciume é um troço controverso, mas é sim sinal de bem querer, eu acho. Bora continuar na fantasia?
ResponderExcluirBeijo, arigó.
A forma como você animação aos objetos inanimados me transporta para a época de minha infância. Acho isso tão bom e nostálgico!
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