Assustado, Próbolo acordou, foi ao espelho e
viu o seu rosto aterrorizado. Lembrou de ter passado toda a sua infância em um
abrigo antinuclear. A surpresa de seu pai Cretus ao sair do abrigo e perceber
que apesar do inverno rigoroso, havia vida sobre a terra. A primeira Horda
erguida em volta da Igreja fundada por sua mãe que pregara esperança e fé e por
causa disso fora morta, pois diziam que o Deus dela os havia abandonado. O
desespero do seu pai ao vê-la morta pelos seus e num ato tresloucado de
vingança caçou os seus assassinos, um a um, matando muitos até ser morto em uma
emboscada. E a última lembrança dessa época, arrastado por um desconhecido,
mais tarde saberia ser seu tio Phobus. Deste momento ficou gravada em sua
memória a Horda sendo abandonada e os últimos habitantes incendiando a Igreja.
O último vestígio do cristianismo estava sendo enterrado ali juntamente com
seus pais. Que Deus era esse que deixava morrer a filha que mais O amou, a sua
mãe. Essa foi a pergunta que ele mais se fez, sem obter resposta.
O amor que não pode ter do pai foi
recompensado, um pouco, pelo amor recebido do seu tio Phobus, irmão de sua mãe.
Comerciante, Phobus morreu sem lhe dizer o que aconteceram com os seus pais,
pois, depois da guerra, havia perdido contato com os mesmos. Quando o achou
perambulando pelas ruas atrás de comida, acolheu-o porquê era norma daquela
época abrigar os órfãos. A maioria dos casais havia perdido os filhos, primeiro
durante a última grande guerra e depois durante o ataque das criaturas
infernais, os Demos. Phobus somente o reconhecerá como sobrinho porque o TABLET
holográfico que ele trazia havia uma mensagem dos seus pais.
As lembras exauriram Próbolo, elas não lhe
trouxeram nenhuma lágrima, apenas o entristecera, tornando os seus sentimentos
mais secos do que já eram. Um calor incomum o acometeu e o fez tirar o casaco
de pele de urso. Foi à janela novamente e viu feixes de luz alaranjarem o céu
no horizonte. O vento gélido, agora, havia se tornado úmido, porém ameno, um
filete de água escorria pela neve que cobria as ruas. Algumas pessoas
arriscavam sair às ruas sem a proteção habitual. Depois de vinte e cinco anos,
a terra voltava a esquentar e ele não sabia o que poderia acontecer no clima
que estava por vir. Digitou a senha que abre a porta do compartimento secreto
da sala de armas e se armou para o ataque de qualquer animal feroz. Ele presente
que o que estava por vir estava além da compreensão humana.
Após vinte e cinco anos, o sol desanuviava
o céu, os primeiros pássaros começaram a surgir juntamente com outros animais,
as ruas iam ganhado cores e vozes, a neve derretida enchia o leito dos rios.
Enquanto a alegria abria as janelas das casas, o alvoroço abria as portas, e a
vida tomava outro rumo. Juntamente com o sol, nascia uma nova estação
desconhecida de todos, a esperança. Porém, a nova estação, ao aquecer o
planeta, não traria apenas esperança. Em uma Horda inabitável, abandonada por
seus habitantes devido os ataques das criaturas infernais, o sol refletia em
uma peça de aço acelerando ainda mais o degelo.
Quando a cápsula de sobrevivência
despressurizou, arremessando a porta contra o painel de controle da nave,
significava que a energia entrava em estado de emergência e não demoraria em
acabar.
As suas garras se abriram antes mesmo dos
olhos, ao tocar o assoalho da nave, ele o sentiu quente e esboçou um sorriso
tímido, porém ao ver a luz de emergência piscando no painel, sabia que a
energia estava acabando. Saiu da cápsula direto para o compartimento de
operação da nave e foi surpreendido quando o sol refletido no painel ofuscou os
seus olhos. Acionou o dispositivo para proteção dos raios solares e em seguida
o de abertura dos painéis solares para captação de energia. Assim que o sol
refletiu nos painéis solares, a vida ganhava formas e cores na nave. O Demo
flexionou todas as suas articulações e sentiu a vida pulsando dentro de si,
aguçou o seu olfato e sua mente processou apenas um cheiro, a da família de
Próbolo. Ainda na nave, retirou o cartão de memória da face lateral esquerda do
seu rosto e inseriu na porta de entrada USB do painel de controle. Com as
garras sobre a mesa digital acionou o dispositivo de busca digitando as
palavras: "imagem-holográfica-última-casa". Em poucos segundos o
processador projetou diante do Demo a imagem holográfica da casa dos pais de
Próbolo. Com as garras sobre a imagem, ele foi adentrando a casa e assim que
avançava, a imagem holográfica focava onde as suas garras se encontravam
ampliando o ambiente. Quando ele chegou ao ambiente desejado, acionou a tecla
IV 100 - imagem virtuais cem por cento - e foi projetado para dentro da mesma.
Acionou a tecla LA - limpar ambiente - e aos poucos os objetos encontrados no
ambiente virtual foram desaparecendo. Quando se deparou com a portinhola de aço
não teve dúvidas, foi por ali que eles fugiram. Em seguida, ao acionar a tecla
IO - intensificar odores -, vapores aromáticos impregnaram o ambiente virtual
com o cheiro sintetizado da família de Próbolo, então, ele foi tomado por um
desejo de vingança incontrolável, a partir desse momento, os seus movimentos
dentro da nave foram automáticos. Acionou a tecla BLRUI - buscar localização
real da ultima imagem - e quando o led verde acendeu na mesa digital ele saiu
apressadamente da nave e olhou na direção que o raio infravermelho apontava. A
casa estava ao sul do bico da nave. Partiu para lá em busca de pistas.
Continua
Imagem clique AQUI
Hummm... Esse episódio foi mais calmo mais marcha lenta... Ninguém morreu, sem perseguição cruel, apenas um farejar de rastros. A tecnologia foi a mil adiante o que me lembrou de longe o Hesse! rsrs Bom, gostei e quero por encomenda um Tablet holográfico via sedex, please! Bjoooooooo Éd!
ResponderExcluir...pensador,
ResponderExcluirquando puder dê um pulinho lá
em casa...
tem uma réplica procê...rsrs
bj
como gostaria de ter a tua imaginaçao!!! incrivel que voce é!!!!!
ResponderExcluiraplausos e abraços
Nesse contexto futurístico do enredo dessa história me agrada a idéia de que os sentimentos como tristeza e saudade foram mantidos.Grande Éder,parece estar vendo as cenas como num filme!
ResponderExcluirAbraços,bom dia!
Eder, esse futuro me dá medo!
ResponderExcluirÉ triste e assustador.
Fico imaginando o final dessa história, meu amigo. Espero que seja tranquilizador.
Que criatividade você tem!
Um grande abraço!
Eder,que super filme daria essa história!Muito imaginativo e precisa ter inteligencia pra bolar essas coisas futuristas!bjs e bom fim de semana!
ResponderExcluirOriginalidade muito interessante! Gostei, não: Adorei, este capítulo!
ResponderExcluirAgora aumentou o clima de tensão, mas diminuiu o terror. Aguardo a continuação novamente. Abraços.
ResponderExcluirConcordo com o Sérgio, a tensão está no ar! Muito interessante, vamos que vamos...Um abraço!
ResponderExcluirHistória fascinante, sempre com uma surpresa. Parabéns.
ResponderExcluirTenha uma semana abençoada. Bjs
Mesmo surreal vamos encontrando sentimentos humanos, reais, cotidianos.
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