Capítulo II
A vela começou a bruxulear no bufê e
iluminou um pouco a sala. A pouca luminosidade me fez perceber a avidez sexual
no seu olhar, o brilho incomum do seu rosto aveludado além do normal, o seu
sorriso transparecendo uma malícia sádica e impudica acentuado por uns lábios
carnudos e sedosos. O movimentar da sua língua sobre os lábios aguçou os meus
desejos, incitando-me à concupiscência. A minha cupidez por ela fez-me ir ao
seu encontro, contudo, o lume da vela foi se intensificando e ampliando o meu
campo de visão. Não estava acreditando no que estava vendo, não poderia ser
real, eu estava dentro de um pesadelo. Ela girava as contas do que parecia ser
um rosário. Retive-me. Desesperado, eu saí correndo em direção contrária a ela,
posto que o medo suplantou os desejos. Na pressa, eu bati com a perna na lasca
de madeira da mesinha de centro. A dor foi sentida na hora, o líquido aquoso e
quente escorrendo da minha perna dava a entender que o que estava acontecendo
comigo era demasiadamente real. Estava sangrando. Sem tempo para raciocinar,
pois o medo só permite a ação por instinto, eu pulei pela janela.
Quando eu corri para saltar pela janela, ela
poderia ter me retido se assim desejasse, pois a janela ficava próxima de onde
estava o bufê, mas não fez. Seus olhos demonstravam uma certeza inaudita que eu
voltaria. Ao passar por ela o meu terror aumentou ao divisar o seu marido ao
seu lado. A intensidade do lume fez sobressair do seu rosto os seus olhos
azuis. Inopinadamente, o brilho que saía de suas pupilas requeria vingança.
O instinto de salvação fez-me saltar pela
janela. Na queda, o raciocínio voltou, lembrei que minha família tinha ficado.
Tentei agarrar em algo, porém, fora da casa não havia forma, a cor predominante
era o branco e só havia dois estados, o líquido e o gasoso. Se houvesse alguma
salvação, ela somente se daria pelo milagre divino.
Imagem MYRA LANDAU
uma vez mais mto agradecida de colocar uma imagem minha aqui, e continuo dizendo que vcoe deveria escrever um livro, nao somente textos no blog! voce é grnade meu querido Eder!
ResponderExcluirabraço
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ResponderExcluirVocê está cada dia mais afiado e afinado nas suas narrativas! Sua criatividade prende a atenção de quem lê...
Beijos de luz e o meu carinho!!!
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Eu penso q quando as coisas tem q acontecer acontecem...E ela nada fez por pensar o mesmo.Ele voltaria.
ResponderExcluirBeijinho
Maria
P.s.Gosto dos seus mínimos detalhes na escrita cada vez mais afiada...
Eder,
ResponderExcluirDesculpe a franqueza,mas esta faz parte de mim.Por isso, ou eu(mais provavelmente)não estou compreendendo nada que estou lendo hoje ou você está dividindo os capítulos um pouco sem uma conexão entre um e outro...Vou reler tudo mais uma vez.
Abraços meus,
Oi, Eder! Seus escritos nos fazem viajar por caminhos diferentes dos habituais, por isso acho criativos. Aguardando o próximo, um abraço!
ResponderExcluir...engraçado que mesmo tomados pelo medo,
ResponderExcluirhá sempre uma força nos impelindo a
voltar.
isso tá ficando muito bommmmmmm!
bj, alma criativa...rs
Eder querido, espero que não esteja preparando outra peça como aquela do ano passado...rs. Está muito bom.
ResponderExcluirbeijos
Tive que ler e reler. Luz difusa ao fundo, me perdi um pouco, mas suas narrativas são sempre mágicas. Beijos
ResponderExcluirEder
ResponderExcluirAssim como As Crônicas de Nárnia foram adaptadas para rádio, tv, cinema e teatro, vejo que seus contos seguem uma linha que merece ser vista com carinho.
Um forte abraço, amigão! :)
Meu Deus, já começo a ficar preocupada com as minhas primeiras conclusões a coisa está saindo fora dos meus parâmetros de previsibilidade.
ResponderExcluirSe bem que uma das minhas previsões acertei: a de que sempre erro ao prever o rumo das suas narrativas. E, é este um dos maiores atrativos delas.
Beijosss