Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

sábado, 3 de março de 2012

Persona non grata


Capítulo III

   A queda me parecia infinda e dava a impressão que eu não saía do lugar. Não havia densidade, volume e nem solidez onde eu me encontrava. Por fim, entrando numa região plasmática, o meu corpo foi freando e repentinamente despencou vertiginosamente. Quando eu senti o impacto do meu corpo contra algo sólido, a dor me fez perceber que a queda chegara ao fim.
   Aos poucos a nevoa densa que tomava conta do ambiente foi abaixando, e um lume bruxuleava em um dos cantos do lugar. Percebi um vulto picando algo sobre um tampo de vidro e ao término arrastá-lo com os dedos indicadores de uma das mãos para um folha posta na outra mão. Enrolou a folha com os dedos, passou a língua sobre a borda e a fechou. Ao encostar a ponta da folha no lume e levar a outra ponta à boca, percebi que era um cigarro. A fumaça expelida pela sua boca e narinas não escondeu o brilho dos seus olhos azuis. Eu não estava acreditando no que estava me acontecendo. O mesmo bufê com a vela de sete dias acessa, a mesma janela que eu havia pulado minutos antes. Eu tinha caído de volta em minha casa. O marido dela me mediu com os olhos e deslizou os seus dedos, maliciosamente, pelo cigarro. Porém, onde estava ela?
   Pela primeira vez eu sabia de onde eu os conhecia e isso me assustava, pois os dois eram personagens de uma das minhas história, portanto, não eram reais, contudo, a sensação que eu estava tendo extrapolava o imaginário. Eles estavam vivos, em carne e osso. Questionei-me se era possível as personagens, fruto do meu pensamento, ganhar vida própria e quais suas intenções. Conquanto, se eu havia matado-as, como elas estariam vivas, mesmo se fosse possível sair do mundo das ideias para o mundo real. Vingança, foi a resposta que dei a mim mesmo. Meus filhos, foi a pergunta que me fiz em seguida. 


Imagem MYRA LANDAU

8 comentários:

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    . meu querido amigo,,, .

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    . gosto de ler.te . também neste registo . o qual ultrapassa a esfera do real . e nos re.inscreve numa outra dimensão .

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    . os meus sinceros parabéns .

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    . um forte abraço .

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    . paulo .

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  2. nem sei o que te dizer
    li atentamente teu texto esta experiência são reais
    se os são passaste a dimensão para alem dos teus sonhos ? parabéns pela bela escrita adorei boa semana e resto de domingo feliz beijos ?

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  3. Oi. Acompanho com alegria os capítulos. Parabéns! Tenha um início de semana abençoado! Bjs

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  4. Olá, estou acompanhando atentamente e cada vez mais curiosa....
    Beijos

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  5. Eder,penso que estou começando a entender o sentido da história visto que nos capítulos precedentes eu não estava conseguindo me concentrar tanto.Complexo e introspectivo mesmo assim ainda é para mim.Por que eu volto sempre?Porque gosto de como nos atiça para essas reflexões do drama que também pode ser a vida.
    Abração!

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  6. ...Agatha Christie...Conan Doyle...Alfred Hitchcock
    se vivos, sentiriam orgulho de você!

    bjokas mil, alma linda!

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  7. Vem cá, você não morreu e estava no purgatório não? Ai, me diz qualquer coisa que me dê alguma luz, estou ficando agoniada com estes dois e este bufê, já.

    Vou mandar beijo procê só porque é de costume pois o que estou mesmo é com vontade de pegar essa faca de picar fumo e aí e colocar no seu pescoço: Fala logo, Eder!

    Beijos!!!

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