Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

domingo, 11 de março de 2012

Persona non grata


Capítulo IV

   Pela fresta da porta do quarto das crianças saía uma luz fraca, mas suficiente para iluminar. Abri-a sorrateiramente e coloquei a metade da cabeça no ambiente, percorri todo o quarto com os olhos até encontrá-la sentada com o seu inseparável rosário, despida, de pernas cruzadas, mostrando a mancha escura entre as suas pernas conforme a criei. No chão do quarto, em volta da cama, estavam dispostas variedades de velas coloridas e aromática. Ela levantou, foi em direção a cama das crianças e uma cena inacreditável me surpreendeu. Neste momento pensei em minha esposa, ela poderia estar correndo riscos, ou a mesma cena que eu acabara de presenciar no quarto dos meus filhos poderia... Desfiz-me dos meus pensamentos e saí correndo para o nosso quarto. Não vi o marido dela na sala e dei pouca importância a isso. No entanto um fato me chamou a atenção. Não sei quantos dias havia passado, mas já era tempo suficiente para a vela de sete dias ter derretido, contudo, apesar da chama ser intensa, ela estava intacta.
   Quando cheguei no quarto, eu girei os olhos por todo o ambiente e não vi nada suspeito, estava tudo em seu lugar como eu deixara na última... Não sabia precisar qual foi a última vez que estive ali no meu mundo real... Como posso dizer isso, mundo real, se o que eu estava vivendo não era o meu mundo real?
   Aproximei da minha esposa e a cobri com o lençol... Estupefato, fiquei sem reação, a mesma cena presenciada por mim no quarto das crianças e protagonizada pela personagem feminina de uma das minhas histórias, agora, estava acontecendo com a minha esposa.
   Ajoelhado na cabeceira da cama, tentei acariciar o rosto da minha esposa e a minha mão passou no vazio. Não sabia onde buscar explicação para o que estava acontecendo. Fui tirado do meu estupor quando uma mão foi posta no meu ombro. Gelei de medo. Queria virar o rosto e não ver os olhos azuis do marido dela me encarando, porém, essa certeza eu não tinha. Da mesma forma que o medo pode levar à ação para a salvação, ele também pode paralisar. Não movi um músculo.


Imagem MYRA LANDAU

11 comentários:

  1. .

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    . será pela expectativa que os elos serão de continuação . para que possamos . proceder .

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    . um abraço .

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  2. Oi, Eder, esse final me deu um friozinho no estômago. Vou aguardar a continuação, um abraço e bom domingo!

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  3. Meu amigo Eder, estou tão em falta com você, mas voltarei para ler desde o primeiro capítulo de Persona Non Grata.
    Tenha um domingo de paz.
    Um abraço.

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  4. eu nao poderia olhar...otimo, que bom que continua e obrigada pela minha imagem no teu post!
    abraòao!

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  5. Voltando e agora já com todos os capítulos lidos.
    Meu amigo, estou aterrorizada...será que você vai se virar para ver quem colocou a mão em seu ombro?
    Uauuuuuuu

    Aguardando a continuação, se eu demorar pra vir, liga não, eu virei assim que me sentir bem para estar junto aos amigos.
    Sua imaginação é fértil e me assusta...rsrs.

    Beijos.

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  6. o clima de suspense já está estabelecido, resta acompanhar...
    beijos

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  7. Esse pedaço da história a mim parece surreal,mas é como também vivemos nesse mundo cheio de perplexidades tal qual a sua ficção.
    Abraços e a seguir daqui...

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  8. hummm começo a compreender...a mancha escura, o terço, o marido e os olhos azuis, porque não pensei antes neles? Menino, não brinca com essas coisas, estou ficando com medo, ainda bem que, se meus personagem resolverem pular aqui pro meu quarto serão na maioria só florzinhas e borboletas, mas os seus não, Eder, credo!Cuidado!

    Estou sinceramente ainda mais impressionada com a sua capacidade ficcional, como diz o Erico, algo muito grande poderá surgir daí.

    Beijos!

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  9. Dei uma sumidinha, mas voltei para acompanhar o conto...
    Abraços

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