Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

quarta-feira, 14 de março de 2012

Solitários-Visão masculina


   Solidão é uma palavra que não precisa ser escrita por extenso para significar o vazio.
   Os meus dias, houvesse o sol, me eram gris. A noite, prateada pela lua, imbuia em mim uma felicidade descomunal. Feliz, eu me embriagava em líquidos coloridos, o vermelho do Campari era o que mais me aprazia, talvez pela mistura do sabor adocicado representando a noite e o amargo o dia. Porém, ao término da noite ou da bebida sobrava o copo vazio, e eu, mais cheio de solidão pelas circunstâncias da vida, que qualquer explicação que possa dar não seria plausível, também permanecia vazio.
   O vazio diurno não era circunstancial, fazia parte da minha psique, à noite, terra de solitários, qualquer companhia era um intervalo para a solidão, pago com drinks. Das damas de companhia não sabia os nomes, minto, somente os sabia no momento de pagar a conta, pois a mesma acompanhava os seus respectivos nomes para serem esquecidos logo em seguida, pois as nossas identidades, nós as perdíamos, sem pudor, sob lençóis, um sobre o outro, dando vazão as nossas concupiscências; a minha originária pela cupidez carnal, as delas pela cupidez monetária.
   Nem toda fonte de luz é para nossa iluminação. As de néon, das boates noturnas do centro velho de São Paulo, por muito tempo permaneceu na minha juventude e início da vida adulta. Hoje, elas não passam de um reflexo apagado de um passado esquecido numa boate chamada solidão, habitada pelo vazio. E lá permaneceu.

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10 comentários:

  1. " vazio diurno " è o pior!!!!!
    parabens, meu querido sempre textos tao bons, te admiro muito!!!!

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  2. Isso!Deixa ela la! Da muito trabalho, Eder, administrar emocoes: melhor escreve-las, torna-las arte, como vc faz.
    Os acentos se recusaram a sair. Paciencia.
    Abracao!
    Berze

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  3. Oi Mano! Esse solitários da noite sempre chamaram minha atenção. Por qualquer trocado logo arranjam companhia, mas a solidão, como você tão bem proseou, não os abandona hora alguma. Aliás, é a única companhia da qual eles tem certeza. Um beijo da mana, Deia.

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  4. Muito bom o seu texto. Não gosto da solidão, acredito que nunca estamos sozinhos (na verdade acabei de ler um poema da Sissy que falava sobre isso). Sempre tem alguém humano ou não, à nos observar.
    Abç

    adraftbox.blogspot.com

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  5. Oi, Eder, maravilhoso texto, que com certeza ilustra a realidade de muitas pessoas. Inclusive, mesmo quando já se tem companhia, ainda assim alguns permanecem na solidão e recorrem às boates para receber gostas de prazer. Destaque para a frase "nem toda fonte de luz é para nossa iluminação". Há de se escolher bem a fonte...Um abraço!

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  6. Eder, belo texto: à Fernando de Abreu! Adoro esse tipo de prosa, poética, não?

    Abração,

    Rodrigo Davel

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  7. Gosto do passado e até da solidão mas, o vazio este não é prazeroso e muitas pessoas se sentem assim mesmo no meio da multidão...Texto bonito e sentido.

    Beijinhos

    Maria

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  8. Essas tal de solidão é fogo!! E hoje, aquelas luzes pra ti estão no passado,m pois achaste uma nova luz, com certeza, que brilha mais! abrtaço,chica

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  9. Oi Eder...
    Maravilhoso texto...Solidão é sempre ruim...diurna ou noturna sempre será solidão...e hoje agradeço a você que carinhosamente
    desejou-me feliz aniversário.
    Foi um dia muito feliz por descobrir
    que tenho pessoas maravilhosas que me cercam..
    uns bem perto, outros bem longe..
    não importa a distância e sim o carinho..
    isso é um presentão de Deus na minha vida!
    Arigatou né! Eu Simplesmente adorei!!!Ótimo Final de Semana!
    Beijos!
    San...

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  10. Eder meu querido.....O coração não entende de nada, ele ressoa, pois ser só é diferente de estar só...

    Interessante pensar nessa posição teórica como um sintoma, em quais momentos essa posição como produção ressignifica o sintoma, se pensarmos o culto do narcisismo que dá margem a práticas de autoanálise...

    Mas é possível por meio da autoanálise se tornar mais amigo de si mesmo para cantar o amor....?

    A resposta está num passarinho, se ele escolher minha voz para seus cantos...

    bjs

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