Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

quarta-feira, 7 de março de 2012

Hoje, do lado de dentro da janela


   Hoje, acordei e fui logo ligando o computador do quarto para saber qual era o dia da semana e, também, a hora, pois, além de não ter calendário, usava o relógio do celular, porém, o mesmo estava com a bateria descarregada e eu havia esquecido o carregador no meu trabalho. Assim que sentei e liguei a CPU, ouvi um ruído - pah - vindo da sala. Assim que, instintamente, apóie a mão sobre o rack e, lestamente, dei o primeiro passo em direção ao ruído, fui surpreendido pelo desligamento das lâmpadas, então, freei o passo.
   O medo que levou o homem ao encontro dos deuses para livrá-lo das catástrofes naturais foi o mesmo que o levou ao encontro de Deus para livrá-lo das suas culpas, ou, então, para livrá-lo do medo de si mesmo. O medo que pode nos livrar do perigo nos impedindo de enfrentá-lo é o mesmo que pode nos paralisar e nos deixar à mercê desse mesmo perigo.
   Alguns dos meus amigos dizem que meu pai me deu coragem, penso que ele me deu muito mais pão e livros. Alguns dos meus conhecidos, achando saber muito mais que os amigos, dizem ser a minha mãe a pessoa que mais me deu coragem, penso que ela me deu arte e superproteção e devido a isso, muito mais medo. Porém, se nos guiarmos apenas pelos ensinamentos de nossos pais, nos paralisamos.
   Pah! Pah! Pah! Os três ruídos ininterruptos me fez esquecer quaisquer medo adquiridos ou quaisquer coragem ensinadas e me moveu à ação. Tateei pelo quarto a procura do presente de aniversário dado pelo meu filho na comemoração dos meus quarenta e nove anos. E o presente era apropriado para a ocasião, um taco de baseball.
   Meu filho havia me dito que o presente era para a minha segurança, no que a sua mãe replicou, uma bengala seria mais apropriada. Dardejei o meu olhar em sua direção e me desfiz do mesmo assim que vi o seu sorriso enquadrando o seu belo rosto, então respondi a sua ironia com um agrado, você já é a minha bengala.
   Muito mais do que o taco, realmente, era ela que estava faltando, pois se há um fio de coragem em mim, só a tenho com a sua presença.
   Enfim, achei o taco e, silenciosamente, tartaruguei em direção a sala. Dois vultos estendiam o que parecia ser uma lona preta sobre a mesa, enquanto outros vultos penduravam o que parecia ser correntes bem finas com um objeto redondo de tamanho médio em sua ponta. Pensei, um ambiente próprio para a tortura. Senti-me em um filme B de terror estadunidense, cujo ator negro ou latino é o primeiro a morrer, e nesse caso estava lenhando, pois, além de negro eu sou latino. Inopinadamente, um vulto entrou na sala, vindo da cozinha, empurrando o que parecia ser uma maca com um objeto símile a um caixão coberto com alumínio (?). Esqueci de relatar que semana passada eu havia feito um seguro de vida cuja beneficiária é minha esposa.
   Uma fresta de luz entrava pela porta da cozinha, pois foi a única que o vento não havia fechado, e para minha surpresa, a mãe dos meus dois filhos estava dando ordens para os meus assassínos. Quando ela disse para um deles dispor a faca o mais próximo da ponta da mesa por que ela queria cortar o primeiro pedaço, eu, deixando de lado o quanto amava, saí de onde estava, gritando, arremessando o taco para tudo que é direção e percebi os vultos correndo e se jogando no chão, ao mesmo tempo, ruídos símiles a tiros pipocavam na sala.
   Enfim se fez a luz, ou seja, ligaram as lâmpadas. No chão, amigos, familiares, conhecidos banhados de glacê, refrigerantes e salpicados por bexigas de aniversário estouradas. Quebrada entre os meus pés estava a vela de cinquenta anos. Por fim, a minha esposa, sem perder a pose, finalizou:
   - Não falei que uma bengala seria mais apropriada. Feliz aniversário, Nego.


Este post foi inspirado em um comentário da Maria feito ao post da minha amiga Myra.
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11 comentários:

  1. Prezada amigo seguidor,
    Vim agradecer a sua presença amiga lá no meu cantinho magico coração, gostaria lhe oferecer um selinho dos 500 seguidores como prova de minha gratidão.
    Tenha um lindo dia!
    Abraço Fraterno
    Maria Alice

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  2. OI EDER!
    ADOREI TUA CRÔNICA, TÃO BEM ESCRITA QUE DEU PARA VISUALIZAR A CENA.
    ABRÇS
    Zilanicelia.blogspot.com
    Click AQUI

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  3. Gostei Eder...tem uma piada qu o final é bem mais triste que esse...kkk...não sei se conhece, mas o cara fica numa furada de dar dó...rs...tudo por causa de uma surpresa...rs

    Agora quanto ao seu comentário corajoso...rs

    Te parabenizo pelo seu dia também, pois, macho como és, vc assume seu lado feminino sendo a todos aqui no blog: sensível, amigo, prestativo, benevolente e acolhedor. Valeu cara e viva a nós machos que não têm medo de expor o seu lado feminino.... E viva a mulher. Senão esse comentário vai parecer muito gay... Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    BOTA GAY NISSO....KKKK...SOU SENSIVEL...BENEVOLENTE, PACIENTE, CALMO, PRESTATIVO...ISSO TUDO ´VERDADE...MAS MEU LADO GAY É LÉSBICO...MACHO...RSRSRSRSRS....KKKK

    ABRAÇO NA ALMA E UM BEIJO NO CORAÇÃO...ISSO É SER MACHO...DEPOIS DE TUDO AINDA TE ENVIAR UM BEIJO NO CORAÇÃO...COISA DE MACHO VIU...RSRS...BOA SEXTA...BOM FIM DE SEMANA...RSRS

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  4. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    até engasguei de tanto rir, que aniversário desastroso!
    Comecei a rir alto desde que você escreveu: " cujo ator negro ou latino é o primeiro a morrer, e nesse caso estava lenhando, pois, além de negro eu sou latino."
    Genial, Eder!

    Querido, obrigada pela sua presença e carinho nestes dias em que estive ausente.

    Beijos

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  5. Oi Eder, primeiramente agradeço a presença sempre fiel no Solidão de Alma e depois digo que me preparei para um final trágico e acabei rindo muito com a surpresa deliciosa do personagem. Essa vida é mesmo mágica e tudo depende da forma como a imaginamos. Que hajam sempre lindas surpresas em sua vida meu querido. Bjs

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  6. Oi Eder,
    Legal te ler e caminhar por esse seu espaço.
    Obrigado pela visita.
    Abração!
    Berzé(dos altos dos seus 61 anos)

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  7. EDER

    vim matar saudades e deixo



    8 DE MARÇO


    Dia da Mulher
    Mulher que foi criança...
    Mulher que foi menina...
    E que rápidamente cresceu...
    E quando cresceu...
    Tornou-se mulher...
    E aí o ser que é...
    Mulher... Mulher...
    Mulher... Mãe...
    Mulher... Avó...
    Mulher... Gente...
    Porque ser Mulher...
    É canalizar tudo...
    Tudo e todos...
    E tudo gira em seu redor
    E quase sempre...
    Julga-se insubstituível...
    No trabalho... na organização...
    Na estrutura do lar...
    E a Mulher... esquece-se tantas vezes...
    Que também é gente...
    Que precisa de ser ela própria...
    De viver...
    De gostar de si...
    E quando consegue...
    Que isto aconteça...
    Ela é verdadeiramente... Mulher!...

    LILI LARANjo

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  8. Caro amigo Eder...rsrs
    Dizer o que não é? Muito bom e a janela que inspirou o texto é linda.
    beijinhos

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  9. Bonita interação blogueira!O conto é muito bem humorado,para variar,mas sempre com a sua pitada de sana ironia refletindo a realidade em seus estereótipos e preconceitos.
    Grande abraço,

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  10. KKKKKK
    Só você mesmo...kk
    Abraços

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  11. quue surpresa linda! obrigada, nao tinha visto...
    beijos

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