Capítulo Final
Os seus passos lentos dramatizavam mais ainda
o nosso encontro. Ao se abaixar e se por de joelhos na minha frente, os seus
olhos carregavam uma amabilidade que eu não escrevi. De todas as personagens
que eu criei, ele foi o que mais sofreu fisicamente, teve sua fé abalada,
porém, nunca desistiu da sua missão, espalhar o amor ao corações dos homens.
Diante de mim se encontrava o meu alterego, o Padre do meu último conto.
Não lhe perguntei se ele estava conseguindo
o seu intento, mormente uma personagem ficcional não iria espalhar amor entre
os homens se eles próprios não conseguiam espalhar entre si na vida real. O que
ele estava fazendo ali e o que eu deveria fazer para sair daquele mundo eu não
precisei perguntar. Ele foi direto.
"Aos poucos, todas as personagens que
criou, inexoravelmente, vem lhe visitar, não importa qual destino você as deu.
Por ser seu alterego, o seu reflexo no espelho, aquele que você imaginava ser,
mais do que qualquer um das suas personagens, sou o que mais habita os seus
pensamentos. Da mesma forma que você, ao criar uma história, antes de
escrevê-la, se transporta para esse mundo ficcional, vivenciando-o, colhendo
informação para depois, por palavras, torná-la real, essa mesma realidade
ficcional criou um mundo paralelo e o quer nele. Sua esposa e seus filhos estão
nesse mundo, mas não o vive, por isso a mulher despida ao deitar em cima de
seus filhos atravessou os seus corpos e não os percebeu. Da mesma forma
aconteceu quando você foi fazer um carinho no rosto da sua esposa e sua mão
passou no vazio. Tudo aqui é fruto da tua necessidade ao pensar. Sair desse
mundo paralelo não é tão fácil assim, não basta você parar de pensar, o outro
você, o real, esse sim, se parar de pensar, trará você de volta. Essa história
esta acontecendo ao mesmo tempo em que você a escreve, tanto o seu consciente
quanto o seu inconsciente cruzaram a mesma linha de pensamento e se confunde
entre o real e o ficcional. Assim que o outro você colocar um fim nessa
história, os dois mundo, ficcional e real se separam estabilizando a sua mente.
Adeus".
Fim
Encerrei o Windows e fui à janela, tudo
havia voltado ao normal. Abaixei para
desligar o nobreak e percebi na madeira laminada do rack o reflexo de uma vela
de sete dias bruxuleando. Não era dia santo. Ouvi os gritos da minha esposa
vindo do nosso quarto, ao tentar levantar, duas mãos pressionaram os meus
ombros fixando-me na cadeira. Uma dor gélida percorreu a minha coluna
vertebral. Virei o meu rosto e me deparei com os seus olhos azuis transmitindo
terror. Ficcional ou não, eu iria conhecer o que criei.
Capítulo I
Capítulo II
Capitulo III
Capítulo IV
Capítulo I
Capítulo II
Capitulo III
Capítulo IV
Imagem MYRA LANDAU
Grande Eder,
ResponderExcluirbom dia. É do Geraldinho Azevedo aquela letra?:"O real e a fantasia se encontram no fianal"? Encontram, desencontram tornam a se encontrar...viver é muito bom. Belo texto!
Abração!
Berzé
Uma vez me falaram q,eu poderia estar aqui e ao mesmo tempo "ali" no passado dançando uma valsa,ou recitando poesias ao piano ou... Será mesmo q existe um mundo paralelo ao nossso?).
ResponderExcluirSim vc dá vida aos seus personagens q existem paralelos a sua própria vida e são tantas vidas não? Se vc não fosse um escritor talvez vivesse assombrado mas foi salvo pela veia artística.Mistérios da vida!
Beijos
eu sim, acho que existe um mundo paralelo ao nosso...somente poucas pesoa sao capazes de o perceber...mas è assustador, e voce Eder como sempre escreve de uma maneira formidavel!
ResponderExcluiraplausos e obrigada por ter posto imagem minha!!!
Oi Eder, não sei exatamente a interpletação q vc deu ao q escrevi acima sobre "real e fantasia. Apenas liguei/brinquei com essa coisa eterna da imaginação e do concreto, abordadada por muitos bons autores ao longo da tragetória humana.Como exemplo, Vc e o Geraldinho Azevedo.Só isso! Continuo gostando muito de sua capacidade de usar palavras. Só isso. Escrever é diferente de falar ao vivo.Sempre me estrepo com isso!
ResponderExcluirContinuo te admirando!
Abraçao!
Berzé
Eder, genial o final do seu conto. Essa questão do alterego, é realmente algo a se pensar, fazendo parte de uma obra ficcional, ou não. Muito bom, parabéns! Até eu fiquei em dúvida sobre o personagem! Um abraço!
ResponderExcluirParabéns!
ResponderExcluirIncrível como você nos leva para um mundo além do real e transmite todo o tipo de sensação.
Abraços
Me arrepiou inteira!
ResponderExcluirNem nos meus mais loucos devaneios e suposições eu pensaria tratar-se de seus personagens e da sua relação com seus mundos real e ficcional, Eder, se você estivesse na América do Norte com certeza teria um lugar ao sol, no nundo das grandes obras de ficção.
Lembra que fiquei de te dizer no último capítulo, qual foi a minha ideia inicial sobre o tema de sua história? Pois bem, errei de novo, ainda bem que já previ também isto, quando fiz a minha previsão de que rumos a história tomaria, previ que erraria, baseado em todos os meus erros ao tentar decifrar os rumos de cada uma de suas histórias. Pois bem, eu havia pensado que você iria falar da morte, do post mortem. Pra você ver que distancia, você falou da vida, da vida e do mundo duplo em que vive, o real e o ficcional. Não poderia ser diferente, você não escreveria tão genialmente, se por vezes não se transportasse a este outro mundo que cria a partir do que te habita nas profundezas. Todos temos estes dois mundos, a diferença é que você o visita e conta o que viu lá.
Um beijo, encantada com este conto!
Lindo demais! um final surpreendente. quantas vezes crio um personagem e ele(a) parece criar vida, no final nem sem mais quem descreve quem,rsrs
ResponderExcluirBeijos
Eder,
ResponderExcluirNão entendi bem a relação, mas me fez lembrar Platão e o MITO DAS CAVERNAS...
Lembrei também destes versos:
"A vida é uma média entre a ilusão e a realidade. Só de ilusão seria impossível, só de realidade, insuportável..."
Um forte abraço, amigão!
Muito do que se escreve há de quem o escreve,é verdade e nem sempre saem só contos de fadas.Hoje saber por escrito sentimentos,criando situações ou não é para poucos eleitos e você pode se considerar muito admirado por isso.Parabéns por mais um grande desfecho!!!
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