Táxi, é disso que preciso, para ser sincera, um aéreo. Não intento o paraíso. Quero apenas chegar, se possível voando. Pouco importa aonde. Basta me encontrar e me saber feliz. A felicidade é o lugar, e por mais que diga que se encontra no paraíso, ela pode ser encontrada em qualquer local, afinal, somos nós que a construímos, e ela independe do lugar.
Estou a olhar para o céu ainda esperando um táxi, mas não vejo nem as nuvens para dar a ilusão de que logo um chegará, no entanto aceitaria uma carruagem desde que o cocheiro trouxesse o príncipe, também. Contudo, o que vem são andorinhas.
Nós, mulheres, vivemos nessa corda bamba entre a santificação e o pecado, como se abdicar dos prazeres nos levasse a um, e, se nos déssemos aos prazeres nos levasse ao outro. Comigo não funciona assim, provaria do "adão" e depois comeria a maçã, apesar de não saber comê-la, a minha voracidade devora até as sementes. A morte da cobra é o que nos leva a santidade e não o fato de ter provado do fruto. Dia a dia, eu mato a cobra que há em mim, e aonde chego não é uma parada de táxi. Eu preciso voar, afinal, parafraseando Pessoa, viver não é preciso, quanto a voar...
A santidade, só é alcançável se abdicarmos da maldade e não dos prazeres, pois, o prazer não é um mal em sim.
Os saltos do meu Le Soulier já me cansavam as pernas e o táxi era uma ilusão entre uma rua e outra. Enfim a ilusão se fez real. Quando a porta do taxi foi aberta pelo recepcionista do hotel, ele entrou sorrindo, em seguida, depois de mim. Ele, elegantemente, pegou na minha mão e me retirou do táxi indicando o caminho. Sua animação era em 3D, e real. Ao se encaminhar para a Ferrari estacionada no outro lado da rua, eu apontei para ele e para a Ferrari e fiz uma cara de interrogação querendo saber o motivo de ele ter entrado no táxi.
Deixou-me sem respostas, minto, com um sorriso encantador ele tirou um champanhe Veuve Clicquot Magnun Brut da sua cartola mágica, entregou-me uma taça de cristal da Boêmia e ao enchê-la, percorreu os seus dedos sobre o corpo da taça e os depositou sobre as minhas mãos. Percebi em suas digitais a sua sensibilidade. Minha alma fez borbulhas.
Ele não precisava usar a sua condição financeira para me impressionar, ao sorrir as linhas de seu rosto formavam um quadro onde eu me via apaixonada. A simplicidade dos seus gestos elegantes, espontâneos já me causou tanto encantamento que eu me via como a Gioconda do quadro de Da Vinci, o meu sorriso era um convite à aceitação.
Bebi o champanhe saboreando os seus olhos azuis, e talmente Rose, no final do filme Titanic, quando se desfez da jóia, eu joguei, despretensiosamente, a taça no chão. Ele não me deixou para trás, fez o mesmo e foi além. Suspendeu-me pelo colo, retirou os meus sapatos Soulier jogando-os ao deus dará, passou por cima dos cacos e ao me colocar de volta no chão retirou os seus sapatos Cole Haan.
Dizem que depois da chuva de verão aparece um arco-íris. Quando ele me tocou, umedecida, jorrei em gotas. Ao olhá-lo novamente, vi refletido em seus olhos azuis um arco-íris. Era o reflexo da minha alma.
Tom Cruise, George Clooney, Brad Pitt não chegam aos seus chinelos, e não é Havaianas, é um Jimmy Choo. Ao falar o seu nome quando lhe perguntei, da sua boca saiu um hálito mentolado misturado a um balsâmico que não consegui definir, assim como não soube qual foi o nome falado por ele, pois o mesmo acorrentou-se ao aroma que evolou da sua boca. Pouco me importava a sua identidade, a minha eu já sabia que ia perder sob o lençol, ganhos maiores eu teria sobre ele, o lençol. Sobre ele ou sobre mim não haveria perdas, os ganhos seriam mútuos.
Não sei aonde ele me levou. O céu azul estava bordado de estrelas símile a colcha que eu mais gosto de dormir, da Hennes & Mauritz. Deitado no chão eu o esquadrinhei com os olhos para decifrar o genoma de sua alma. Por segundos, tudo ficou congelado, enquanto eu o descobria. Decodifiquei todos os seus códigos e percebi que ele iria me levar onde eu queria ir. Percebi que a felicidade só pode vir em um estado, líquido. Assim eu estava, úmida, esperando que a felicidade mergulhasse em mim e me fizesse inundação. Desfeito do encanto, encantada, ele me levou ao encontro de suas águas.
Não sei se ele será mais um retalho nessa grande colcha que é minha vida, porém, sei que ele fará parte do pedaço que não perguntamos o que vem depois da felicidade.
Imagem clique AQUI
Foi AQUI que me embebi para me inspirar na feitura do texto.
Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
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Então, teu texto valorizou a fonte da inspiração.
ResponderExcluiramar é somente AMAR!!!!
ResponderExcluirgostei ...
abraços
Bom dia Eder,
ResponderExcluiro sol que seu bom dia me trouxe chegou aqui e iluminou tudo.
Meu querido escritor, já te disse que você tem câmera fotográfica no cérebro e caneta na alma, não é? Vou acrescentar o perfume, você perfuma as imagens tão sensíveis que cria a partir da observação e, seus textos exalam o que sai desses seus dedos de sândalo, encanta com a sensibilidade, encanta com as as letras, encanta com a essência perfumada que coloca nelas.
Este seu texto ficou maravilhoso, cheio de elegância e sensualidade. Sabiamente você conclui, o que escurece a alma é a maldade, esta sim deve ser submetida a flagelos diários, à extirpação, se vai mas longe se vão junto corpo e alma, é assim que se acha taxi aéreo, se der sorte,até taxis lunares.
Beijos, querido
Eder, que maravilha esse seu texto. Viajei com os pensamentos da personagem e me fiz sentindo seus delírios do momento. Gostei também da colocação sobre santidade e pecado, realmente faz sentido. Adorei! Um abraço!
ResponderExcluirOlá, Eder!
ResponderExcluirBelo texto: muita simbologia, muita literatura. Adorei!
Abração,
Rodrigo Davel
Ontem passei rápido por aqui, e fui no blog que lhe inspirou. É fantástico como você consegue se inspirar assim, se entregar ao texto, a imagianação, e deixar fluir as palavras com uma elaboração extraordinária. E com isso vou seguindo a imaginação, sendo a personagem (está foi a parte melhor kkkkk), uma delícia.
ResponderExcluirUm texto que mexe com o imaginário, mexe com as certezas, as fragilidades, os medos, as ideias de certo e errado com relação ao amor, a felicidade...e traz lembranças boas. Estes momentos que não nos perguntamos pelo depois, é que ficam bem gravado na memória.
beijo
Eder,
ResponderExcluirFiquei sem palavras diante desse texto.
Há partes que me tocaram, respondendo algumas perguntas minhas.
E a imaginação correu solta....
Incrível,sensacional!!
Amei!!
Bjs
Para que procurar entender esse sentimento quando se pode simplesmente vivê-lo intensamente!Muitos amores se desencontram por conta de tantas explicações....Reconhecí meu grande amor quando me liberei desses porquês!
ResponderExcluirAmei seu texto,meu abraço!
EDER !!!Vc é imbatível na inspiração, no argumento e na arte de cuidar o outro. "Existem pessoas que tem o dom de nos fazer enxergar além, de abrir as janelas da nossa casa no momento que ela está escura e nos fazer apreciar uma paisagem que por acaso não soubemos admirar, nem contemplar...QUERIDOS EDER E VAN
ResponderExcluirvocês COM TODA SABEDORIA vão tecendo a vida na poética da ternura... Meu respeito,carinho,e admiração. abraços
OLá Eder...desculpa...mas você tá PHODA com PH maiusculo...rs...enm vou falar mais nada, a unica coisa é que já li algo desse trecho em algum lugar...rs
ResponderExcluir...da sua boca saiu um hálito mentolado misturado a um balsâmico que não consegui definir
Show de bola amigo...as palavras te pertencem...continue fazendo excelente uso delas...
Um abraço na alma....valeuuu...parabéns mais uma vez...
EDER meu querido!!obrigada pelo seu carinho comigo.
ResponderExcluirSou ainda apenas uma aprendiz querendo entender a alma humana,
para poder atender
e acolher as pessoas que me procuram.
Portanto meu blog é de estudos,pedaçinhos do que aprendi e
achei interessante registrar.
Adoro estar aqui e aprender com voce...
Que DOM maravilhoso vc tem o da escrita.
Gostaria sinceramente que estivessemos
todos nós blogueiros sentados no jardim
aqui de casa,olhando-nos olhos nos olhos
e...sentindo a energia fluir através dos abraços.
uma abraço quentinho pra ti.bjs
Eder meu querido!!!..Quando puder passa la no meu blog
ResponderExcluirfiz um comentário no ultimo post.Me diz o que achou.
abraços.
Olá! Parabéns pelo blog!Estou seguindo teu mosaico de seguidores e agradeço se me seguires de volta em meu mosaico! Seja bem vinda ao meu espaço, nosso espaço!! Um sábado iluminado e repleto de bênçãos! Abraço fraterno e carinhoso!
ResponderExcluirElaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com/
Felicidade é algo que todos querem, mas nem todos alcançam, pois a nossa vida é feita de momentos de eternidade e fragmentos de felicidade...(Elaine)Obrigado pelo carinho! Um sábado iluminado!Abraço fraterno e carinhoso!
ResponderExcluirElaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com/
Elder!
ResponderExcluirSeu maravilhoso texto, assim me fez entender!
Que a luz de nossa alma, se ofusca, perante os medos que se ocumulam durante o nosso percurso... Medo e á maldita insegurança, se faz mais presente, quando é transmitido, por aqueles que teriam o dever de transformar futuros(as) guerreiros(as) e vencedor(as). Assim seria e não temeriam eles(as),os obstaculos que a vida lhes impõe, se respeitados fossem, durante o seu viver e sua formação.
Abraços.
apesar da inspiração que tiveste em outro post, senti muito da sensibilidade feminina, o que é ótimo, nem todos conseguem escrever assim. Também gosto de escrever sobre personagens masculinos, é um bom exercício mental,rsrs
ResponderExcluirum belo conto, sensual e envolvente, adorei!
beijos