Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Minha periquita era um louro

   Ai! Como doerá escrever essa crônica, pois só eu sei sobre quais escombros ela será escrita. Ei-la.
   Alguns acham a ciência um deus, outros blasfemam achando-a o próprio Deus. Não sei em que dado momento da história, a ciência disse que o macaco ao descer da árvore e andando ereto se tornou um hominídeo. Muitos passos depois chegamos aqui, e para inveja das mulheres, a ciência usando de um modelo masculino o transforma em mulher. E isso só é possível porque com a revolução industrial e as grandes guerras, o mercado precisava de mão de obra. Restou à mulher se candidatar para as vagas devido os seus respectivos maridos estarem guerreando. Antes desse advento era fácil reconhecer tanto o gênero feminino, quanto o masculino pelas suas atitudes. Depois disso não se reconheceu mais o gênero feminino, pois ele se igualava nas atitudes másculas.
   O louro resolveu sair do armário, pelo tamanho da comissão de frente e da dispersão, seria melhor dizer que ele resolveu sair do guarda roupa montado nas cores são paulina, vermelho, branco e preto, brincos e batons lilás, sombras azuis e um sapato de salto alto bico fino na cor rosa. Estava um verdadeiro arco-íris.
   Se o hominídeo deu alguns longos passos para a sua evolução, a ciência deu mais ainda, e do louro não poderia dizer outra coisa, pois ele se transformou em uma bela periquita. Foi nesse estado que eu a conheci.
   O louro resolveu parar de usar o "o", o artigo; o outro artigo ele nunca deixaria de usar. Portanto, Mario passou a se chamar Maria. Eu sem saber fui a Maria tentando furar a sua comissão de frente. Barrado já adentrando as linhas laterais da avenida, fui direto para a dispersão. Era o ó do borogodó, não tive como ficar dispersivo. Ativo, entrei e saí da dispersão amiúde por saber que a comissão de frente me era proibida.
   Chega certo momento que - para se ter um julgamento justo da sua evolução e da dela também - a comissão de frente tem que se mostrar para dizer para que veio. Ela disse ao mostrá-la para mim. Pensei que a comissão de frente estivesse fantasiada de aranha, quem sabe uma carambola madura rachada no meio, soltando seu sumo pela abertura. Mas não, ela estava fantasiada de jardim do éden com uma cobra bem no meio tentando expelir o seu veneno, ou então, tava mais para uma árvore de natal com duas bolas estourando em brilho. Foi aí que eu entendi porque papai Noel leva o saco atrás, a culpa é da rena.
   Bem, nessa hora vocês devem estar se perguntando por que eu não o reconheci pelo timbre da voz. Confesso, ele, melhor dizer ela, para não manchar a minha já manchada biografia. Repetindo, ela fez uso da língua e da boca para tudo, menos para a fala. Porém vocês devem estar curiosos, no inicio eu não disse que a ciência consegue, sobre um modelo masculino, transformar ele em ela. Consegue sim, o contrário que é impossível, contudo, eu disse também que essa crônica iria me doer. Pois amigos, ela queria continuar escrevendo a sua história, e para isso, não dispensou a sua caneta. Não preciso dizer da dor que senti, a sua escrita era forte. Além disso, a sua caneta era de ponta grossa, e sua história era uma epopéia homérica... que não queria ter fim.

Imagem clique aqui

8 comentários:

  1. ja sabe sou Myra a Anonima!
    como gosto, de TUDO que voce escreve! acgei muito "instrutivo" :) tambem...
    bjs

    ResponderExcluir
  2. E acontece muito. Muito mais do que se conta. Alguns não vivem o momento. Outros vivem e até gostam.

    beijo

    ResponderExcluir
  3. .

    .

    . através de um momento inspirador . uma lição de vida . gostei . muito .

    .

    . um abraço . eder .

    .

    .

    ResponderExcluir
  4. ...uma pergunta que não quer calar:

    não dá para perceber a maciez,
    a textura, as curvas, entrâncias,
    saliências, e os traços delicados
    que só a mulher possui?

    há que estar muito a perigo...rsrs
    para embarcar nesta aventura
    às avessas.

    bjokas, querido!

    ResponderExcluir
  5. No início eu nem poderia imaginar o tema da sua crônica. Eder, você é genial!

    É as coisas evoluíram. Ronaldo fenômeno que o diga.

    Beijos!

    ResponderExcluir
  6. Que bacanaaa!
    Amei o texto Eder... parabéns, muito criativo.
    Estou amando suas visitas, fico imaginando o rosto de cada um de vocês que se tornam parte da gente tão de repente.
    Lembrando que temos uma enquete maluca la no blog, uma espécie de ginacana, e nós autores, apostamos um prêmio entre nós para quem ganhasse, e eu, rsss, convido a você para votar em meu humilde livro e amado o voo da estirpe, tá? Dia 10 tem sorteio!

    bjs querido!

    ResponderExcluir
  7. Bom dia, Eder!

    Nosso antigo blog – Nuestro Cielo – infelizmente foi invadido e completamente excluído, o que nos obrigou a criar outro novamente.
    Pedimos desculpas pela confusão. 
    Aqui está o link do novo blog:

    http://nuestrociello.blogspot.com

    Esperamos poder nos encontrar por lá novamente.

    Beijos carinhosos!

    Wilson e Sanzinha

    ResponderExcluir
  8. Você é ótimo Eder! Ri muito com sua crônica, embora a situação seja de chorar né??? kkkk Mas com certeza, isso acontece muito mais do que se possa imaginar e o pior é que a maioria acaba gostando e "pimba"...de louro vira periquita!!! Beijos de bom dia meu lindo.

    ResponderExcluir