A ansiedade feminina
do ponteiro dos segundos atropela a mansidão do ponteiro dos minutos acelerando
o tempo. O tempo voa, os meus passos não conseguem mais acompanhar o ponteiro
das horas. Sentado no meio fio, sinto saudades dos bancos da praça, do coreto
com a banda tocando a nossa canção, dos ipês roxos e amarelos que atraem os
pássaros, e estes compunham sinfonias jobinianas para a beleza de suas flores,
das crianças se arriscando nos carrinhos de rolimãs enquanto idosos
entrelaçavam os seus dedos rememorando os tempos idos, diferente dos jovens que
viviam apaixonados o seu próprio tempo.
Os bancos quebrados, o coreto há muito tempo
era uma lembrança em uma fotografia envelhecida, a praça envolta em lixo, a
batida do funk fazendo apologia ao sexo, ao crime e as drogas ecoando pelas
ruas, as crianças envoltas na fumaça da maconha se perdendo dos sonhos que
evolam entre monstros imaginários, os jovens se descobrindo sob lençóis em
quartos escuros com consentimento dos seus pais, os idosos presos em suas casas
amedrontados pela violência urbana demonstravam a decadência dessa pressa atual
fazendo com que perdêssemos a poesia da vida. Há permissão desenfreada a
experimentação nos leva a permissividade tornando os sentimentos difusos e
caóticos.
A desesperança faz voltar os meus olhos ao
passado, as saudades às ruas de paralelepípedos da minha cidade, das junções de
suas pedras que escondiam as minhas memórias, enterradas pelo negrume
asfáltico. O tempo é cruel, leva consigo tudo que é poético, nosso viço, nossos
sonhos, nossa esperança e deixa um pesadelo assustador, o tempo de espera para
o fim.
Sentado no meio fio, componho um cenário
para a lente poética de Paula Barros...
Imagem poética de Paula Barros
Assim me sinto, Eder, quando tento compor "um cenário para a imagem..." ...da minha Fortaleza de outrora...
ResponderExcluirBelíssima e comovente crônica!
Um abraço,
da Lúcia
vcs dois sao formidaveis...saudades, sim, muita de todo de todos.
ResponderExcluirestou mto triste morreu minha cunhada e amiga...
beijos
É verdade...A poesia vai ficando escondida e presa em seus muros cada vez mais alto. Eu peguei(pegamos) muito pouco desta poesia, queria mesmo era ter vivido entre os anos 20 e 50 aí sim teria sido perfeito.Poesia pura.
ResponderExcluirBeijos
P.s.Aproveitando não entendi muito o seu comentário no Avesso meu amigo...Me desculpe mas vc não gostou da postagem?Ou não entendeu?Ou fui eu quem não entendi o seu comentário?rs...
Você fez uma análise da mudança do tempo, de um passado não tão distante, para este presente. Esta foto, é de uma rua, no centro do Recife, que retrata, esta mudança. Por lá já existiu cabarés, já teve belos bares, e hoje se escuta funk, jovens vestidos todo de preto, com tatuagens, mulheres namorando mulheres, homens namorando homens....mudança de hábitos, de mentalidade, de comportamento.
ResponderExcluirObrigada por mais este lindo texto. abraço
Saudades uma coisa boa que nos acompanha. Deus me livre que ela me deixe um dia amigo!! Uma linda imagem poética de Paula Barros amigo!!
ResponderExcluirParabéns!!
Bjos!!!
Que belo texto. O tempo é cruel mesmo e costuma levar muitas coisas boas e tudo o que é poético, às vezes leva coisas ruins também, mas não com tanta frequência. A imagem dos paralelepípedos desgastados também revela muito do que diz o texto. Abraços.
ResponderExcluirNossa,
ResponderExcluirQue texto bonito...E triste também!
O tempo voa, meu amigo, e não conseguimos nos adaptar às mudanças que ele traz.
Como aceitar o novo, se o que ficou para trás nos fazia tão felizes?
Se descobrirmos essa resposta, talvez consigamos manter nossos sonhos e esperança sempre vivos...
Um grande abraço, Eder e bom fim de semana!
também comentei em um post a diferença de nossos dias e um passado nem tão remoto. não gosto de ser saudosista, mas alguns costumes e atitudes estão bem piores.
ResponderExcluirbeijos
Eder,ficou muito lindo seu texto inspirado na imagem da Paula!Parabéns!bjs e boa semana!
ResponderExcluirAdorei o texto Éder! Realmente ainda não conheci nada mais cruel do que o tempo, enquanto passa leva sempre um pouco e o que fica, fica mudado... ainda há quem diga que ele é o melhor remédio! Lembrar o passado onde havia mais poesia em tudo é muito bom... pena que o bendito tempo acaba por levar tb isso não é mesmo? Enfim, deve ser por isso que o tomam por remédio, afinal para o que não o tem remediado já está! Gr. Bj. Sr.!
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