Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fim

O sol não havia desaparecido na linha do horizonte, ainda havia luz, contudo, descortinava sobre o meu coração a amargura decorrente da solidão, desalinhando-me, escurecendo mais ainda o entardecer. A noite seria vazia. Ia-se a esperança do encontro da felicidade, mesmo percorrendo bares para solteiros, sozinha me encontrava por me sentir fora do ninho. Sozinha, por mais sol que houvesse, tecia uma cortina assombreando todos os meus dias.

Química, chapinha, escova, brincos, limpeza de pele, vestido tubinho, fio dental, salto alto, bumbum arrebitado, todo cuidado com o físico para no fim perceber que a química entre nós nos levava para a cama e depois dos lençóis desalinhados, a cama não preenchia o vazio entre nós. Tudo era físico, tudo. Seja qual for a formula, química ou física, se for só coisa de pele, não anima por não ter o anímico. Quanto tempo eu vivi a ilusão do amor perfeito. Soube que as flores não floriam no meu jardim quando ele me disse que eu não tinha mais musicalidade no corpo. Vim saber o significado disso após saber que ele casara com uma funkeira. Hoje tento me desfazer do meu fantasma, a culpa de não tê-lo conquistado todos os dias ao me perder entre louças e roupas de cama. O pó da casa embaçava os meus olhos por eu ter como objetivo deixar os móveis brilhando. Não percebi que aos poucos era eu que perdia o brilho enquanto a maquina de lavar louças e roupas mexiam bem. A mim, não sobrava tempo para tirar o pó impregnado pelo esmero de limpar a casa.

Na doença e na saúde, na alegria e na tristeza. Não sei em qual parte da minha história essa duas frases teve algum significado, o feliz para sempre eu sempre acreditei, porém ao me acomodar com a vida doméstica não percebi que a felicidade finda.

Hoje finalizo o meu último texto para me livrar dessa culpa de não ter dado um final feliz. Cheguei ao fim. Não que o fim seja um encerramento definitivo, mas um início de um novo começo. Um feliz começo.

Todos os meus textos foram frutos da minha imaginação, e só foi possível devido à colaboração do meu primo Eder, pois ele fez a revisão e ajudou na sua elaboração. Despeço de todos com um grande afeto e entrego o espaço ao seu dono.

Samaryna.


Imagem: clique aqui

9 comentários:

  1. Acredito que nessa vida nada seja para sempre... E que alguns terminos nos sacodem mais que outros.
    Creio que seja pelo fato de estarmos mais envolvidos de corpo e alma.
    Sentirei falta de suas postagens... De sua forma aberta de falar de tantas coisas que muitas vezes camuflamos.
    Sinta-se carinhosamente abraçada e saiba que aguardo o seu retorno.

    ResponderExcluir
  2. Não sei o que dizer quanto ao se despedir, é tudo estranho, a chega, a partida, o início, o fim, a despedida, o final com mais um texto bem elaborada.

    Bem interessante os temas abordados, este olhar feminino para a vida, na vida, trazido nos trextos.

    E nós dançamos....kkkk

    abraço com afeto e você não vai ficará nas lembranças.

    ResponderExcluir
  3. Samaryna, foi uma delicia ler seus textos e viajar contigo nas inumeras hipoteses criadas nas suas entrelinhas. Se chegou ao fim, que nao signifique o final - volte quando puder, sera uma delicia reencontra-la! Um beijo em voce e no meu mano, deia.

    ResponderExcluir
  4. Samaryna,
    Espero que a pausa,seja breve..Leve meu carinho e amizade,quando tiver vontade,visite-me a receberei sempre,com meu abraço amigo.
    Um abraço cheio de boas energias!
    Mari

    ResponderExcluir
  5. Uma despedida agora? porquê? Conheço pessoas obcecadas com a limpeza da casa...e isso efectivamente não é bom...a vida vai muito além disso...e espero que voltes...simpatizei contigo...aguardo a tua presença.Certo?
    E nada de chorar sobre o que se perdeu...o que foi,foi....o que se quebrou,quebrado está...a vida continua.
    O meu afecto...

    ResponderExcluir
  6. Fico feliz com a volta do Eder, mas não gosto de perder ninguém. Ô mania que tenho!! Não gosto mesmo. Apesar dos muitos anos e muitas perdas aprendi a aceitar sem espernear(ao menos na frente dos outros)e portanto acho que você deveria ter seu blog e assim eu poderia ler o querido Eder e sua prima. Não seria perfeito?
    beijos

    ResponderExcluir
  7. Oi, querida! Muitos beijos para você. Bem, tem que mulher que esquece de dar uma arrumadinha básica no visual, pois como é doméstica, acaba perdendo o tempo, a noção de que ainda é mulher ou acaba se acomodando mesmo. Enquanto o homem está lá fora, vendo belas mulheres, sempre alinhadas... infelizmente o homem tem uma ilusão arraigada fortemente, de que, amor está na bunda arrebitada, na mulher voluptuosa. E não é isso. Mas quem gosta de encontrar uma mulher toda mau cheirosa e desalinhada ao chegar em casa? Tem que haver uma forcinha de ambos os lados. E o homem tem que aprender que trabalho doméstico é uma tarefa árdua, nem sempre a sua bela terá ânimo para esperá-lo na maior pompa.

    ResponderExcluir
  8. Samaryna,seu estilo de escrever sempre inteligente,irônico e muito sensível marcou essa passagem aqui no gotas de prosias.Esperamos poder te encontrar outras vezes por aqui ou em outro espaço,o importante é não perdermos você!

    ResponderExcluir
  9. Samaryna

    seu tempo por aqui nos presenteando com seus textos inteligentes, bem humorados, irônicos, sensíveis e fortes, foi de profundo encanto, nos prendeu com suas palavras e o afeto que distribui generosamente.
    Vamos sentir imensa falta, não nos deixe sem te ler por muito tempo.

    Meus beijos e meu imenso afeto, seja feliz por onde andares.

    ResponderExcluir