Hesediel chegou à Protokus, a cidade dos deuses
e foi recebido com grande alegria por Aplu, o deus da luz. Hesediel relatou a
sua aventura no plano terreno e, sem delongas, entregou o sangue. O conclave
dos deuses não demorou muito e foi determinado que Cípria, a deusa da beleza,
seria encarregada da feitura de Ariadna. Aplu lhe entregou a ampola com o
plasma de todos os deuses para ser misturado ao sangue do bebê e então inserido
no barro. Cípria, movida pela vaidade, achou por bem que Ariadna deveria ter
apenas o seu plasma para assim alcançar a beleza suprema.
No momento da sua feitura, não se sabe se
devido ao plasma de Cípria ou devido a pureza do sangue humano, Ariadna foi
contemplada por uma beleza rara, destas que quaisquer adjetivos conhecidos, se
usados, não a descreveria propriamente como tal. A sua beleza caberia muito
mais do que numa simples exclamação adjetiva, a impossibilidade de verbalizá-la
se dava por ser indescritível. Porém, mesmo assim, se se ousassem, por maior
conhecimento que tivessem da língua, estariam ocorrendo em erros. A maneira
mais correta de descrever a beleza de Ariadna era a admirando com os olhos,
seja por olhos mortais ou imortais. Aos olhos mortais apenas a sublimação, aos
dos imortais, muito mais do que isso, a admiração seria a sua ruína. Nas veias
de Ariadna também corria o plasma do Senhor das Trevas.
Os deuses somente tinham olhos para Ariadna,
estavam cegos, não tiveram tempo o suficiente para sair do estado de contemplação.
Perdidos em um labirinto cujo fio da meada se perdeu no caminho, a inação
tomava conta deles. Quando Aplu percebeu o que estava acontecendo já era tarde
demais. Até ele foi fisgado, tinha pouco tempo para agir. Os deuses, um a um
foram virando totens inúteis, pedras de sal.
Aplu saiu de seu trono e se arrastou até
Hesediel, bestificado ao ver os deuses se transformarem em estátua de sal e
depois se dissolverem no ar, não compreendia como aquilo estava acontecendo,
havia algo de errado, mas o quê, se perguntou. Repentinamente veio em sua
memória, a brasa rolando no carpete no momento que ele ia retirar o sangue do
bebê. Hesediel balançou a cabeça por não acreditar no que estava passando por
sua mente: "O Senhor das Trevas havia agido. Será?" Pensou em voz
alta.
Aplu, antes de qualquer ação de salvação,
pois não a tinha, cegou os olhos de Hesediel para todo ser imortal. Ariadna,
enquanto não encontrasse aquele que deu o sangue para a sua origem, era
imortal. Por isso Hesediel não a via e nem tampouco poderia ser atingido por
sua beleza mortal. Incumbido de levar Ariadna para o plano terreno, Hesediel
saiu do Templo dos deuses, viu Aplu se
transformar em estátua de sal, depois
explodir em uma imensa luz, se apagar aos poucos, e, enfim, se transformar em
um ponto negro no meio do nada. O criador sucumbiu à criatura, os deuses
estavam mortos.
Anjos Shaitans vigiavam Petrus intentando
matá-lo, porém, refém da necessidade maior determinada pelo Senhor das Trevas,
eles teriam de guiá-lo ao encontro do médico, pois o sangue dele era necessário
para a maturação de Lucius, o filho do Senhor das Trevas.
Os pés infrenes de Petrus, acelerados pela
urgência em achar alguém que pudesse fazer o parto da esposa, não lhe permitiu
que se lembrasse de levar algum lume. Perdido no nevoeiro, ele pensou em voltar
à sua casa para pegar uma lanterna, contudo, seria um ato insensato, não
obstante a sua esposa estava para dar a luz.
Serpenteando pelas ruas próximas ao centro
comercial, Petrus virou à esquerda e tomou rumo norte. Aguilhoado à
desesperança, ele se viu em uma bifurcação sem saber para aonde ir. Pensando
que a sorte não lhe sorriria, esmoreceu. Clamou ajuda à providência,
desesperado. Mais do que a sorte, ou mesmo a ajuda da providência, quem o
socorreu foram os anjos Shaitans ao provocar uma ventania dispersando o
nevoeiro. Seus olhos se abriram em direção à casa do médico como se ela
estivesse surgida de repente. As batidas, amiúde, na porta da casa do médico
avermelharam as juntas dos seus dedos. Cansado, sem resposta, ele ia saindo
quando a porta se abriu e uma mulher surgiu indicando a casa de uma parteira
moradora da rua de trás. Ao virar e tomar rumo à casa, a mulher se transformou
em um anjo Shaitan, entrou à casa e ajudou os seus dois colegas que estavam
sugando o espírito de outro anjo Shaitan - com o recipiente Tenebrae - por ter
desobedecido as ordens do Senhor das Trevas e matado o médico.
Ao demorar duas horas para encontrar a casa
do médico e mais cinco minutos para chegar à casa da parteira, Petrus já
divisava nos seus pensamentos o infortúnio, a desgraça acontecendo, a morte
batendo a sua porta e levando a sua esposa grávida. Contudo, a parteira lhe deu
novas esperanças.
Quem sempre recebeu aqueles que vieram à
luz, não se perderia na escuridão provocada pelo nevoeiro. Pouco mais de vinte
minutos, ele chegou à sua casa tendo como lume e guia a parteira. Sem delongas,
a parteira entrou no quarto e ordenou que Petrus aguardasse na sala.
A lâmpada, presa pelo fio elétrico ao caibro
do telhado, piscava em interlúdios intermitentes. Dois metros além, Furiosus,
Iratus e entre eles, Lucius, no mesmo caibro, observavam atentos aos movimentos
da parteira no quarto. Os lençóis ensopados de sangue misturado ao líquido amniótico
significava que o rebento veio à luz, porém, a parteira não o encontrou. Ao
examinar a mãe procurando a pulsação em seu pescoço com os dedos, ela percebeu
marcas. Sem pulsação no pescoço e pulsos, o corpo frio e rígido, a pele leitosa
com manchas arroxeadas eram provas suficientes da sua morte; contudo, ela não
conseguia compreender o porquê do recém-nascido não estar ali, pois o parto
havia sido feito. Ou então, pensou, era ela que não conseguia enxergar devido o
defeito na lâmpada.
Continua na quarta-feira às 12hs00min
Imagem Google
Viajamos entre um Mundo e o outro e a mistura deixa um gosto de curiosidade.
ResponderExcluirMais uma página excelente e um relato muito intenso.
Continua muito interessante. Parabéns!
Obrigado, Dulce, pelo comentário. BJos e boa semana.
Excluir
ResponderExcluirOlá!Boa tarde!
Éder...Um triste cenário. Aplu deixou de direcionar as atenções para ampliar os conhecimentos e perpetuar a sobrevivência. Uma armadilha mortal.O criador sucumbiu.Menos mal, que teve a consciência de "cegar" Hedesiel da beleza de Ariadna...
Sem mais delongas.Domingão! Sai de mim o "bloguês" e entra o "futebolês."
Aguardando próxima página!
Obrigado!
Ótimo domingo!
Início de semana!
Abraços
Não vai me dizer q é Palmeirense, pois esse, nem os deuses salvam. Obg pelo comentário. Abçs e uma boa semana, Felisberto.
ExcluirOLÁ VIM CONHECER ESSE BLOG
ResponderExcluirE DEIXAR TBÉM UM ABRAÇO DE
BOA SEMANA, UM TEXTO BOM
BJUSS
RITA!!!
Obg, Rita, pela visita. Volte sempre. BJos e boa semana.
ExcluirO que você fez com essa criança Éd? Bom, no próximo episódio talvez o sr. permita-me saber, quem sabe? rsr Olha, nessa parte de hoje senti que os destinos que faltavam para que grandes acontecimentos sejam deflagrados entraram na história. Vejamos que rumo eles seguirão. Gr. Bjoo e uma ótima semana pra você!
ResponderExcluirCRis, miga querida, qto a criança, o q são elas senão a mistura da maldade e bondade humana ensinada nos seus primeiros anos. A pergunta q podemos fazer é o q se faz com a bondade e maldade ensinada para nos dizer o q nos tornamos. BJos e uma semana de luz.
ExcluirPor mais que trace um caminho espinhoso, ainda espero que coloque luz no final do conto. Não deve o mal ser generalizado (rss). Bjs.
ResponderExcluirMarilene, aguardamos a continuação da história para ver se a luz se fará. Bjos e boa semana.
ExcluirVivian, por engano, acabei excluindo o seu comentário, por isso replico aqui:
Excluir...será que tudo isso vai acabar bem???
oxalá eu esteja certa!!!
bjos, alma linda!
Quem sabe acaba bem. Esperamos. Bjos e uma semana iluminada, alma querida.
ResponderExcluirOlha eu aqui acompanhando :)
ResponderExcluirTenha uma abençoada semana. Bjs
Obg, Cléo, para vc tb. Bjos.
ExcluirÉ um enorme prazer estar aqui e conhecer seu blog. Sei o quanto é gratificante receber um comentário, pois comentarios é o que nos anima e nos faz continuar com este belo trabalho virtual. Sou blogueiro ha 8 anos e tenho meu blog ha 7. Dedico meu blog e parte do meu tempo para ajudar amigos, blogueiros e poetas. Conheça minha pagina pois sei que ajudará muioto vc. Não esqueça de comentar pois seu comentário poderá divulgar seu blog para outros visitantes. TENHA UMA OTIMA SEMANA.
ResponderExcluirDado -
Obg, Dado, pelo comentário, passarei no seu blog sim.
ExcluirOBg, Cléo, para vc tb. Bjo.
ResponderExcluirMe deu até calafrio ao ler essa parte.....
ResponderExcluirBem sinistro....
Boa semana e obrigada pela visita ao meu blog...
Abraços
Obg, Carol, boa semana para ti tb. Bjos.
ExcluirSerá que a lâmpada estava com defeito mesmo ou havia algo por trás? Sei lá, eu já traço mil teorias. Já estou no aguardo pela continuação. ps: todas as letras da Legião Urbana eram sensacionais! Abraço.
ResponderExcluirSerá, Sérgio? Quem sabe vc está certo nas suas teorias.
ExcluirO Legião foi a melhor banda surgida nos anos 80. E pensar q hj em dia somos entupidos por ess funk q só faz apologia as drogas e sexo, e se vc reparar as letras denigrem as mulheres, tenho nojo. Abçs e boa semana.
Eu também me arrepio a cada capítulo, mas sigo na torcida para o bem triunfar. O bem vencerá, né?
ResponderExcluirLegião é sublime. Renato Russo foi e será pra sempre genial... Imortal (mas, do bem) feito esses teus deuses aí.
Beijo Eder.
Milene, vc sabe, somente na literatura a probabilidade do bem triunfar é maior do q na vida real.
ExcluirAssino embaixo tudo q disseste do Legião, Renato era um poeta atenado ao seu tempo, interpretou como ninguém a juventude, por isso o sucesso sem depender da mídia.
Bjos, minha crônista predileta.
Eu estava perdendo tudo isso?
ResponderExcluirAndo muito em falta com os meu amigos na Blogosfera... Mas isso vai mudar, tentarei ler tudo o que perdi para acompanhar essa história rica e contagiante.
Você me perdoa?
Um abraço carinhoso meu Amigo!
Tati, não exagera, perdão? Não é pra tanto minha querida amiga. Fico feliz tê-la de volta. Bjos.
ExcluirEder,essa saga está bem eletrizante!Suspense para o próximo capítulo!Onde estará o bebê?boa semana pra vc!
ResponderExcluiro bebê tá bem próximo, Anne. Na próxima página saberemos. Bjos.
ExcluirÉder,um abraço amigo e meu bom dia!Tenho estado menos presente ao blogspot(uma gripe de estação que já estou curando) nesse período,mas é sempre um prazer ler seus contos ricos de suspense e fantasia.Voltarei com calma depois dessa crise de espirros para ler os capítulos anteriores que perdí.
ResponderExcluirEntão amiga Bergilde, lhe desejo saúde e q sua recuoeraçáo seja rápida. Obg, mesmo adoentada, pela presença. Bjos..
ExcluirOI ÉDER!
ResponderExcluirLI O CAP.III E ESTE QUE É O IV.
TENHO QUE TE CONFESSAR QUE ESTE TIPO DE LEITURA NUNCA ME ATRAIU, MAS, É INEGÁVEL TEU TALENTO, NARRAÇÃO PERFEITA, RIQUEZA DE DETALHES E COM INGREDIENTES PARA NOS PRENDEREM ATÉ O FINAL DA LEITURA, QUE SEMPRE FICA COM GOSTO DE QUERO MAIS.
ABRÇS
zilanicelia.blogspot.com.br/
Click AQUI
Lani, obg pelo sincero e carinhoso comentário. Bjos.
ExcluirOlá!Boa noite!
ResponderExcluirÉder...
...lendo sua resposta: sou santista fanático.Posso dizer isso, porque sofri muito entre 1984 e 2002, quando não ganhávamos nada, tempos de vacas magras.
...lendo seu comments no meu blog: pow a minha amiga que me deu o livro, leu a postagem e me disse que se ela encontrar comigo, serão 50 tons diferentes de sangue...
Amanhã ou quinta eu volto para ler a página!
Abraços
Cuidado Felisberto, em tons vermelho, o perigo é latente. Abçs.
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