Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Apocalipse 2012 - Página 3

Vamos celebrar a aberração/De toda a nossa falta/De bom senso/Nosso descaso por educação/Vamos celebrar o horror/De tudo isto/Com festa, velório e caixão/Tá tudo morto e enterrado agora - Legião Urbana.

   A mulher parecia uma peça de coxão mole amarrada por panos, tendo duas maminhas como seios coladas na frente, dois cupins colados atrás como bunda. As suas carnes balançavam de acordo com os seus passos. Não percebia o perigo que estava correndo. O anjo celestial Hesediel, com a força do pensamento, penetrou na sua alma, percebeu que todos os seus desejos eram movidos pela concupiscência, e então levantou voo. Distou tanto dela que não percebeu Iratus a possuindo, primeiro o corpo, depois a alma. Após ter a sua alma consumida pelo anjo Shaitan, os ossos da mulher estavam inertes no chão envolvidos pelos pruídos dos panos devido o frenesi sexual dos dois.

   Hesediel pousou no prédio mais alto da cidade, equilibrou-se na torre para não cair, pois o prédio estava em ruínas, percorreu os olhos pela cidade e viu fumaça fumegando pela chaminé de uma das casas brancas com portas amarelas. Apurou bem os olhos e viu uma pequena cruz pintada na chaminé. Sem perder tempo, ele abriu as asas e levantou voo em direção à casa. Aproximando-se da janela, ele fechou as asas e plainou com as pequenas asas dos pés. Hesediel foi acometido por uma felicidade inaudita ao ver um recém-nascido, e de acordo com o que via a sua felicidade transbordou em lágrimas. Ele viu o Livro dos dias em cima da escrivaninha, acima dela uma cruz cristã e no colo da mãe, pasmem, o último exemplar conhecido do Livro Sagrado com todas as suas escrituras. A mãe lia para o recém-nascido uma das escrituras, falando sobre a vida Daquele que derramou o último sangue puro para a salvação da Atual Geração. Em vão? Essa pergunta Hesediel não fez a si, mas aventou-a no pensamento.

   Ainda em êxtase devido à cena vista, a saber, a reunião familiar e a leitura das escrituras do Livro Sagrado, tão incomum hoje em dia, Hesediel não hesitou, aquela família era a que mais se aproximava do sangue puro, então, incrustou todas as asas na sua pele ao pensar na forma humana, se condicionou à invisibilidade e entrou na casa. Iratus, assistindo a tudo, levantou voo, entrou pela chaminé, se condicionou a invisibilidade, também, e se escondeu entre as labaredas.

   Hesediel se encaminhou para aonde a família estava reunida, retirou a pena com ponta de ouro e distraído por uma brasa que rolou da lareira, não percebeu Iratus espargir no recém-nascido o pó do sono e em seguida injetar o plasma do Senhor das Trevas. Após apagar o incêndio que se precipitava no carpete, Hesediel voltou-se para o recém-nascido e enfiou a pena na sola do seu pé, retirou o sangue necessário, o guardou na ampola e injetou o plasma dos deuses para purificá-lo e protegê-lo de qualquer ataque dos anjos Shaitans, afinal ele seria necessário para a disseminação da Nova Geração. Iratus, para não ser percebido se escondeu mais ainda entre as labaredas e não percebeu quando Hesediel injetou o plasma dos deuses no recém-nascido. Com o processo de purificação, o sangue do recém-nascido perdeu o genótipo humano, em suas veias corriam o sangue plasmado dos deuses. Hesediel foi até a porta, abriu-a e com a mesma pena retirou um pouco do seu próprio sangue e a marcou pelo lado de fora desenhando uma estrela com uma cruz no centro. Assim a família estaria protegida até a sua volta com Ariadna. Neste momento Iratus sai de entre as labaredas e assisti todos os movimentos de Hesediel atenciosamente. Hesediel voltou os olhos para a sala e percebeu que o recém-nascido, sorrindo, não tirava os olhos dele. Iratus, entre as labaredas também não. Hesediel foi até o bebê, beijou-lhe o rosto e saiu. Iratus saiu do seu esconderijo, perscrutou o ambiente e teve um mau presságio, pensou em destruir tudo ceifando a vida de todos, só não fez isso por que precisava da autorização de Furiosus. Partiu para comunicá-lo o ocorrido.

   O céu permanecia encoberto com o manto negro, anjos Shaitan retirava a vida de pessoas e animais aleatoriamente. Todos caíam diante da espada Daemo sem reagir, alguns oravam pedindo salvação aos céus, outros corriam desesperados tentando achar uma rota de fuga impossível. Mas não haveria salvação para ninguém, antes de os deuses abandoná-los, foram eles que abandonaram os deuses, selando a própria sorte. Hesediel, sabendo do destino da Atual Geração, abriu o recipiente Lux, ativou a espada Divus, acionou o botão Dio e a apontou para o céu levantando voo. Alguns anjos Shaitan resolveram enfrentá-lo, mas não tiveram muita sorte, pois estavam lutando contra o anjo da morte, desprovido de qualquer dó. Todos sucumbiram diante da espada de Hesediel virando pó, os seus espíritos capturados pelo recipiente Lux sofreram um processo de purgação das forças negativas e foram enviados para a região Esperanthus. Os outros anjos Shaitans, desprovidos de coragem, desistiu da luta abrindo passagem para Hesediel. O céu se apresentou azul e iluminado, Hesediel estava em casa.


   Iratus relatou a Furiosus o que Hesediel fizera na casa azul de portas amarelas, detalhadamente, somente não lhe contou o que ele próprio fizera. Furiosus gargalhou e disse: "Ele desenhou uma estrela com uma cruz para proteger a família? Esse anjo é muito tolo". Então, ele colocou a pena arrancada da asa de Hesediel, quando estava na forma animal gato, no seu estojo, sabendo que ela lhe seria útil. Furiosus enfiou a pena de sua asa no buraco do pescoço da grávida aberto anteriormente retirando todo o seu sangue e o colocou, juntamente com o plasma do Senhor das Trevas, no corno do mesmo. Com o corno em mãos, Iratus armou o caldeirão Diabolus, colocou o mesmo no compartimento Bio do caldeirão, acionou o sistema vibratório enfiando a espada Daemo na abertura apropriada. O caldeirão girou elipticamente da esquerda para a direita e em intervalos intermitente fez o giro ao contrário. Ao término do ciclo, Furiosus retirou do corno um líquido viscoso e enegrecido acondicionando-o numa seringa, retirou a ponta da sua asa e a acoplou na mesma. Então, Iratus colocou a sua asa direita sobre a barriga da grávida tornando o feto visível para que Furiosus enfiasse a agulha no cordão umbilical inserindo todo o líquido da seringa. O feto sofreu um choque e trêmulo abriu os olhos, a escuridão se faria à luz. Com as duas asas postas uma ao lado da outra, Furiosus recebeu o recém-nascido, pegou a espada Daemo acionando-a e cortou o cordão umbilical cauterizando-o. A mãe deu o seu último suspiro de vida pronunciando o nome do seu filho, Lucius. O filho do Senhor das Trevas havia nascido, a besta estava entre nós. Furiosus, Iratus e Lucius se esconderam na penumbra do quarto pendurados no caibro de cabeça para baixo esperando o pai de Lucius, pois ele precisava de sangue humano para a sua maturação. E o pai traria, pois o seu sangue só se usaria em caso extremo.
 
Continua domingo às 12hs00min
 
Imagem Google

23 comentários:

  1. Olha você está ficando muito cruel! Deixou pra esquentar as coisas justamente antes do feriadão né? E agora? Quem poderá me defender? Me acalmar nessa minha ansiedade? O sonso do Diel é que não é né? Ele para, fecha as asas e fica plainando nas asinhas dos pés e acaba não prestando atenção direito nas jogadas sujas debaixo do nariz dele, imagina se conseguiria me defender!. De qualquer forma vou relevar, afinal tô precisando dar uma esbarrada nele pra sofrer uma catarse e ir com passagem direta e sem retorno pra terra Esperanthus.

    Falando sério agora, sua história me remete a um tempo vindouro que creio piamente chegará! Quando lia o episódio de hoje fiquei pensando na grandeza do que virá, nos selos, no livro de Daniel que prenuncia tudo o que já estamos vivendo... Por um momento tua narrativa literalmente me arrepiou! Parabéns Sr. contista! Estás a cada capítulo, cada vez melhor! Gr.Bj.!

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    1. Q maldade, miga, ñ sou tão cruel assim, sou pior...rsssssss
      Obg pelo carinhoso elogio, se te agrado é um bom sinal, pois sei da gde escritora q é. Bjos.

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  2. Olá!Boa tarde!
    Éder...
    Essa página foi tensa. Sabemos quem é o filho do Senhor da Trevas, e o nome também. Lucius. Não acredito que será um mero personagem que não vai fazer mal algum, e por isso não irei subestimar o seu provável grande poder.E nem Furiosus e Iratus devem, pois antes de chegar a destruir o que está fora, é preciso primeiro passar por dentro do nosso ser, e a "índole do sangue humano" pode ser o lado oposto do que pretende o Senhor das Trevas. Aff...aguardando!
    Ótimo feriado!
    Abraços

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    1. Felisberto, qto a sua análise, direi q vc tá certo, não posso acrescentar mais nada senão estrago as surpresas q tá por vir. Abçs.

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  3. Eder,
    Já não sei se estou a ler ou a ver um filme. Não interprete mal: é um elogio!
    O filme dos eventos aparece quando leio a sua história e é coisa que poucos autores conseguem!
    Gosto muito até agora. Como sempre, fico impaciente de ler a continuação.
    Até breve!

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    1. Querida Dulce, nunca interpretarei um comentário seu como ofensivo. Me agrada mto saber q o que tá escrito lhe vem a mente cinefotograficamente. Bjos.

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  4. Nossa Eder,que história forte!Imagino se fosse um filme!Cenas violentas e bem descritas!De onde tira suas ideias?Chega a assustar mesmo!Bjs e vamos ver o que vai acontecer!

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    1. Anne, as ideias me chegam de varias maneiras, pode ser uma frase q ouço, uma imagem em público q vejo, pode ser em algo q leio. Exemplifico, uma vez ouvi essa fase no trem, "minha avô até hj ñ toma refrigerante por causa das borbulhas", daí surgiu um conto. Trocando comentários com a minha miga Cris Campos, ela citou, um sapato alto vermelho, daí surgiu um conto. Esse conto eu comecei com a introdução e ñ sabia como continuar, deixei salvo no editor de texto do celular e depois de ler um livro, dei continuidade, parei de novo, e vendo uma cena na rua, uma mulher de uns 80kg vestindo roupas para uma pessoa de 50kg, eu iniciei esse capítulo e fui com a história até fim. Ufa, essa resposta foi longa...rsssss. Bjos.

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  5. Um conto muito forte.....
    Aguardando o próximo capítulo.
    Bom feriado!!
    Abraços

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  6. Você nos levou até a salvação, para depois permitir que o mal revertesse o quadro. Como o escritor tudo pode, só me resta aguardar (rss). Abraços!

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    1. Marilene, não se preocupe, no final, um ou outro vencerá. Esperamos. Bjos.

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  7. Vixe Maria! Tá ficando sinistro o negócio... E eu com medinho do fim, e com a curiosidade aguçada ao extremo.

    Esperando!

    Beijo, homem!

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    1. Muier q diacho de medo é esse, uma cabra da peste com uma pixeira na bainha não deve ter medo de ninguém, arreta esse medo prá longe, oxe, o cabrunco real é pior do q eu descrevo. Na próxima página, vem com a peixeira, oxente. Bjos

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  8. não muito longe da realidade teu conto, pois que os últimos acontecimentos em termos de violência mostram o lado sombrio de nossos tempos. mas acredito na vitória do bem. espero o próximo capítulo, beijos

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    1. Jeanne, temos q acreditar, essa é a nossa única esperança. Bjos.

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  9. Olá!
    Bom dia!
    Éder..
    Obrigado pelo carinho da visita!
    Ótimo feriadão!Té próxima página!
    Abraços

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  10. Eder, mais uma vez reitero que você é ótimo dessas crônicas. Prefiro ler do que assistir esse tipo de coisa, já confessei isso também, mas já aguardo o próximo capítulo. Abração.

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  11. Uma história que nos enche de expectativas, curiosidade sobre o que irá acontecer.Bjs

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  12. eu concordo com Sérgio esse é o tipo de história que prefiro ler, assistir deixariam imagens a noite toda na minha cabeça, hahaha. Tenso esse seu conto, hein? Um abraço!

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