Os pensamentos, as experiências de vidas relatadas das minhas personagens não são reflexos dos meus pensamentos e experiências, mas sim, peças do mosaico que forma o ser humano. Os meus textos não intentam a polêmica, mas nos chamar à reflexão. Deixo o meu email para quem quiser trocar ideias, compartilhar textos e interagir: gotasdeprosias@gmail.com

sábado, 18 de julho de 2009

Nem só de milho vive o pinto - a continuação

Quando se chega aos cinqüenta e cinco anos com apenas alguns fios de cabelo a menos, não é de causar preocupação, mas quando além dos fios, a cabeça, não a pensante, aquela que faz o homem sentir-se homem, também cai, aí sim, é de perder os outros fios, de preocupação. Descabelar o palhaço, amassar o macaco, bater uma gordurosa. Na minha juventude fiz muito uso das mãos, quando fiz uso da cabeça, a pensante, deixei de usar as mãos para dar um uso mais útil a cabeça, a não pensante, e até a data de hoje, a cabeça pensante, para funcionar, necessitava que a não pensante, pelos menos quatro vezes na semana, fosse pau para toda obra. E foi, até a data de hoje.
Dizem que o apressado come cru, eu não comi. Ao entrar no trem com ELE babando pela morena, não me dei conta que ela tinha embarcado no trem sentido norte, eu estava no trem sentido sul. ELE caiu vertiginosamente tal qual a bolsa de valores em crise. Perdi a cabeça, as duas, e saí da estação em crise de choro. Pediram para esfriar a cabeça, uma de tão fria que estava parecia morta.
Ao colocar os pés na rua, eu percebo que todos me olhavam rindo, o porquê sei quando o mineirinho me abraçando diz, “resolvido o nosso problema?” Quando lhe disse que não, ele me convida para tomar vinho acompanhado de um delicioso redondo. Creio que ele não sabia que no nordeste quando se nasce cabra, morre-se cabra, ou morre-se antes de ter a oportunidade de virar ovelha. Coitado do mineirinho, quando ele me explica que redondo, em Minas, é queijo, seu rosto estava redondo de tanta porrada.
São Pedro deve ter enchido a cara de cerveja, pois de uma hora para outra começou a mijar na minha cabeça. A chuva era tão intensa que me senti como um pinto molhado, murcho. Entrei na primeira loja que encontrei, e após limpar os óculos me vi cercado por vibradores de tudo que é tamanho, estava num sex shop. Tranquei o meu copinho antes que um dos vibradores criasse vida própria e sendo tarde demais para pedir socorro, eu berrasse igual ovelha quando o bode a cobre.
Dizem que a probabilidade de você encontrar uma pessoa com as mesmas feições de outra era ínfima, não era, pois a morena da loja era idêntica à morena do trem, cagada e cuspida.
É dito pelas mulheres sábias que o tamanho do documento do homem se mede pelo tamanho do seu pescoço ou pé. Foi dito pela minha mãe que eu tinha um pescoço tão grande quando eu era recém-nascido que não conseguia suster a cabeça, a pensante, em pé.
Quem tem cabeça é melhor saber usá-la, usei a pensante para fazer melhor uso da não pensante. Em poucos minutos eu estava na casa da morena da loja. Dizem que se a esmola é demais o santo desconfia, como não sou santo, não desconfiei.
Chegando em casa ela colocou cinco litros de vinho em uma panela e levou ao fogo, acrescentou canela, cravo, hortelã, gengibre e, pasmem, pimenta malagueta. Perguntei-lhe se era para beber, ela disse que sim, e também para embeber os documentos, assim perdia-se a identidade e significava-se de outras maneiras. Ele tremulava na cueca. Ela tirou do rack um cd do Village People, colocou no aparelho de som e começou a fazer um streep trease. “Macho, macho man”, não sei como alguém pode fazer streep com esta música, além do mais eu não estava me sentido “man”, muito menos “macho”, porém quando ela tirou a roupa de cima mostrando seu pescoço longo e grosso, seu corpo musculoso e curvilíneo, seus seios pequenos e tesos, Ele queria ressuscitar. Algumas doses de vinho a mais, uma peça de roupa a menos, a saia, ELe estava ressuscitando, enfim, quando ela estava somente de calcinha, ELE, finalmente, havia ressuscitado. Milagre, ELE esta vivo! Novamente.
Dizem que hoje em dia as coisas estão tão misturadas que, se não tivermos uma boa cabeça, não sabemos quem é quem. Quem a visse na sua bota número quarenta e dois, somente de calcinha, com seu um metro e oitenta dois, com a caixa de abelha estufada na calcinha querendo sair, não imaginaria que naquele angu tinha caroço.
ELE estava babando querendo experimentar do mel, mas precavido, ELE não foi com tanta sede ao pote. Quando ela tirou a calcinha, finalmente, tanto ELE quanto eu entramos em desespero. Naquele angu não tinha caroço, tinha, isso sim, dois caroços com uma colher de pau no meio. Ela era ele e o ELE dela não era apenas ELE, mas ELLLLLLE! A dita cuja era dito cujo, ou seja, a Benedita era Benedito. Fiquei mais desesperado quando ela, digo, ele disse que gostava de jogar futebol e que não tinha graça ficar no gol segurando a bola, prazeroso era jogar na linha para fazer gol. Meus documentos que antes pareciam dois pontos com um ponto de exclamação no meio, agora, estavam mais para reticências. ELE, quero dizer, ele estava tão assustado que foi encolhendo até desaparecer entre os dois pontos.
Dizem – queria saber quem foi que disse isso – que em certas situações o melhor remédio é relaxar e gozar. Ela, quero dizer, ele colocou suas mãos nas minhas costas e me jogou na cama. Resumindo, ele jogou comigo o campeonato paulista, a copa do brasil, o brasileiro, a libertadores e a copa do mundo com direito a prorrogação e cobrança de pênalti. Não preciso dizer que saí destes campeonatos fodido, literalmente, e sem fazer um único gol.
Não sei como consegui dar os passos necessários para chegar em casa, somente sei que berrei igual à ovelha, diga-se de passagem, de dor. Com pedra ume na água morna em uma bacia, eu coloquei minha bunda para aliviar a dor que estava sentindo, pois mesmo com ele desaparecendo entre as duas bolas, eu precisava do copinho, e que fique bem claro, para saída. Entrada jamais.
Caros leitores, segue um conselho – e não venha dizer que isso não acontece com vocês, pois tudo que sobe um dia cai -, não meu, mas do meu avô que aos oitenta anos, após anos de viuvez, resolveu casar pela terceira vez com uma moça na casa de seus cinqüenta anos. Eu lhe perguntei se ELE ainda dava no couro, ele me respondeu com uma pergunta, “meu neto, para que serve a língua mesmo?”, ou então, nobres leitores, segue o conselho do mineirinho, ou seja, coloca-se o milho no umbigo e espera o pinto levantar para comê-lo.
Caras leitoras, para o teu conhecimento, a esposa do meu avô teve com ele, até a sua morte, noites tórridas de sexo oral, ele era um excelente contador de causos, muita falação e nenhuma ação; quanto ao mineirinho, bem, somente outro mineiro para acreditar em um mineiro, e olha lá, com muita dúvida; portanto se o seu marido falhar de uma vez, segue este meu conselho, troque de marido, e de preferência com menos da metade da idade dele, senão serão noites e noites com o milho no umbigo lembrando dos velhos tempos em que ELE entrava em ação.
Ai, ui, ai, hummmmmmm! Vocês não sabem o que acabou de acontecer, a pedra ume entrou pelo ralo. Mas será o Benedito?



• O autor quer que fique bem claro que é HETEROSEXUAL ASSUMIDO, cabra da peste, pai de um casal de filho e com uma MULHER também HETEROSEXUAL ASSUMIDA, e só tem um desvio, é São Paulino assumido, e esta história somente teve continuação devido aos pedidos dos meus leitores. Gostaria de testar a inteligência de todos, vocês sabem que o cachorro faz “au, au”, o gato “miau”, o bode “bééé”, o boi “múúú”, o passarinho “piu, piu”, e o veadinho que som faz?
• Não sabem?
• Tentem pensar.
• Adivinharam?
• Ainda não?
• Meu deus, tão fácil.
• Tentem pesquisar.
• E aí, não acharam nada.
• Se alguém já sabe é porque entende de veado.
• Que tal tentar um veterinário.
• Dará trabalho?
• Quer que eu conte?
• Tá bom.
• Vou dizer:
• O veadinho diz: SÃO PAULO, ÔÔ, SÃO PAULO, ÔÔ.

7 comentários:

  1. Nossa.. como sofreu esse cabra da peste!!! rs.. redimido agora, pela vida, depois de tanta dor, de tanta desventura, venha logo uma terceira idade produtiva (com muita história pra contar!)rsrs.. Haja idéia nessa cabeça, viu!? :D Muito divertido, amigo! Beijocas. E cadê as notícias?

    ResponderExcluir
  2. Eder Ribeiro
    Sei que chegaste aqui pelo perfuma da flor..
    Um beijo para ti...




    Presença ausente

    Estou aqui sentada
    Lápis entre os dedos.
    Um copo de martini ao pé de mim
    Bebo um golo e deixo-me pensar…

    O lápis corre vagarosamente o papel
    O meu pensamento voa…
    Como sempre – olho o universo…
    Mas não consigo deixar de pensar em ti…

    Queria ter-te aqui…queria estar contigo.
    E saborearmos o ar livre…
    Vagarosamente ponho o copo nos lábios…
    Bebo o martini como um ritual… e continuo a sonhar…


    Lili Laranjo

    ResponderExcluir
  3. Amigo Eder;

    Caro escritor, depois de rir, porque no meio da estória estava sentindo como iria acabar, só tenho a reafirmar a minha enorme admiração por suas imensas capacidades literárias...

    Já agora, gostaria de saber se há uma continuação porque o bode que virou ovelha seguramente quer voltar a ser bode...

    Um grande abraço, amigo Eder,
    d'um vascaíno assumido...
    Osvaldo

    ResponderExcluir
  4. Eita Éder...que possamos chegar aos oitenta com muito paladar...agora falando sério também...rsrs

    Feliz de quem tem um amigo diante do qual pode se mostrar pelo avesso. Feliz de quem tem um amigo diante do qual pode mostrar o seu pior… e o seu melhor também!

    Amigo não é apenas um conhecido, colega, companheiro… Observemos a ênfase que a Palavra de Deus dá a ele: “Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro” (Eclesiástico 6,14b).

    ResponderExcluir
  5. Olá,escritor!

    Menino, que loucura de continuação... Tua criatividade não tem limites. Uma odisséia! Teu texto, maravilhoso de se ler, bonito, literário.

    Abraço amigo
    Obrigada pelo carinho no ensaios.
    Adorei!

    ResponderExcluir
  6. Que fantastico... a leitura aqui é sempre mágica!
    Por aqui o humor está em alta!
    Impossível não sorrir...ou melhor soltar uma boa gargalhada!

    Um beijo carinhoso para você!

    Ahhh por aqui o som do veadinho é diferente o veadinho aqui diz: GALO, ÔÔ, GALO, ÔÔ. (kkkkkk)

    ResponderExcluir
  7. Eder, meu caro, você deveria entregar esta história ao nosso querido Ronaldo "Fenômeno". É parte da vida dele. Você conseguiu manter o tom na mesma qualidade do texto primevo. Isso é para craque nas palavras.

    Abraço forte, camarada.
    Continuemos...

    ResponderExcluir