O peso do meu corpo o meu próprio corpo não consegue carregar
Quem há de vir para me salvar?
A alma de tão tosca neste mesmo corpo não quer encaixar
Quem há de vir para me salvar?
Sobre o meu passado as sementes muitas não vingaram
Quem há de vir para me salvar?
Maria, Júlia, Rute, quantas mais não sei, todos amores errados
Quem há de vir para me salvar?
Cabelos brancos a denunciar, rugas a mostrar a velhice a me enamorar
Quem há de vir para me salvar?
A velocidade tresloucada de São Paulo a me cansar
Quem há de vir para me salvar?
A ignorância alucinada de sua gente, o céu cinza a poluir esperanças
Quem há de vir para me salvar?
Nas minhas andanças que não foram tantas, mais a errar do que a acertar
Quem há de vir para me salvar?
Catolicismo, Budismo, Espiritismo, de pouca fé nenhum “ismo” me valeu
Quem há de vir para me salvar?
De Jesus só me restou a cruz
Quem há de vir para me salvar?
Meu corpo morto no túmulo posto, a alma póstuma desvairada a gritar
“ – Quem há de vir para me salvar? “
XXVI-II-MMVI